“Quando a Cidade Afoga e o Povo Grita: Lauro de Freitas em Estado de Emergência — e a Pergunta que Ninguém Quer Fazer”
- Nilson Carvalho

- 24 de nov.
- 2 min de leitura

Por: Nilson Carvalho – Papo de Artista Bahia
Lauro de Freitas acordou esta semana com um grito silencioso ecoando pelas ruas: o da urgência, o da fragilidade, o da vida à beira da água. Após dias de chuva intensa, que transformaram avenidas em rios e bairros inteiros em ilhas improvisadas, a prefeitura decretou situação de emergência por 180 dias.
Mas por trás do decreto, existe a dor de famílias desalojadas, casas destruídas, sonhos molhados e uma população que há anos paga o preço do abandono estrutural.
A prefeita Débora Regis assinou o decreto depois que a Defesa Civil confirmou o que o povo já sabia pela pele: enxurradas, erosões, alagamentos violentos, drenagem colapsada e rios transbordando como se pedissem socorro junto com o povo.
A tempestade, classificada como convectiva nível II, expôs mais uma vez a realidade que muitos insistem em varrer para debaixo do tapete: não é só a chuva que castiga a cidade — é a falta de preparo, de obras, de cuidado e de prioridade.
QUANDO O CHÃO AFUNDA, QUEM SEGURA O POVO?
O decreto afirma que os prejuízos ultrapassam a capacidade do município.
Então a prefeitura pediu reforço ao governo estadual e ao federal, como quem grita por ajuda quando a água já bate no peito.
Assistência humanitária, reconstrução, apoio emergencial... tudo isso é necessário, sim.
Mas quem vive nos bairros periféricos sabe:
a reconstrução deveria começar muito antes que as paredes começassem a cair.
A situação climática extrema adiou até o evento gospel “Celebra Lauro”, que reuniria multidões na Praça Matriz.
A festa parou, mas a vida não — e a realidade da chuva escorreu sem pedir licença.
ALERTA LARANJA É SINAL VERMELHO PARA O POVO
O Inmet colocou Lauro de Freitas em Alerta Laranja, anunciando possibilidade de até 50 mm de chuva por dia, ventos cortantes e até granizo.
A previsão fala em “risco baixo” para cortes de energia, alagamentos e descargas elétricas — mas o povo sabe que basta um piscar do céu para a cidade inteira ficar em apuros.
Porque na vida real, risco baixo não existe quando:
a drenagem não funciona
o rio não comporta
a encosta não segura
e a periferia é empurrada para áreas cada vez mais frágeis
O clima é imprevisível, mas o abandono é previsível demais.
O POVO PRECISA DE SOCORRO — MAS TAMBÉM DE SOLUÇÃO
A pergunta que martela na mente de qualquer ativista social é simples e incômoda:
vamos esperar até quando para tratar as enchentes como prioridade e não como tragédia anual?
A reconstrução é urgente.
A assistência é necessária.
Mas nada disso substitui o que o povo realmente precisa:
✔ urbanização digna
✔ saneamento que funcione
✔ drenagem planejada
✔ moradia segura
✔ fiscalização séria
✔ políticas permanentes, e não apenas emergenciais
A chuva só revela o que a cidade tenta esconder todos os anos.
E enquanto o poder público se movimenta, o povo segue sendo quem mais perde — sua casa, seus bens, seu trabalho, sua paz.
“Se essa realidade te tocou, compartilhe. Quando o povo se cala, a água leva tudo — até os nossos direitos.”
Foto: Internet







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