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IDENTIDADE, RESISTÊNCIA E DIREITO: MUTIRÃO HISTÓRICO VAI PERMITIR QUE FILHOS DE SANTO INCLUAM NOMES SAGRADOS NOS DOCUMENTOS — UM MARCO PARA A BAHIA E PARA O BRASIL!

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Por: Nilson Carvalho — Papo de Artista Bahia

 

Em meio a um país que ainda luta contra o racismo religioso e a intolerância às tradições afro-brasileiras, a Bahia dá um passo histórico rumo ao reconhecimento da ancestralidade. Nesta segunda-feira (8), em Vitória da Conquista, um mutirão inédito da Defensoria Pública da Bahia vai iniciar o processo que permitirá que filhos e filhas de santo incluam, oficialmente, em seus documentos, os nomes sagrados recebidos na iniciação dentro dos terreiros.

 

Não é apenas uma mudança de registro civil — é um ato político, um gesto de coragem e uma reparação simbólica para quem carrega no corpo e no espírito as marcas da intolerância. É a história sendo reescrita com as próprias mãos.

 

O NOME QUE A SOCIEDADE QUESTIONA É O MESMO NOME QUE A ANCESTRALIDADE CONSAGRA

 

A ideia nasceu das provocações de Ya Rosa D’Oxum, ialorixá do Ilê Axé Alaketu Omi Ogbá. Segundo ela, quando alguém se inicia no Candomblé, “morre um nome, nasce outro”. Ou seja, a mudança no documento não é vaidade — é identidade, é respeito, é direito.

 

A inspiração veio do caso de Tata Ricardo, líder de terreiro em Camaçari, que conseguiu incluir "Tata" no nome — termo que significa “pai” nas tradições africanas. Agora, expressões como “ogã”, “ekedi” e nomes de orixás estarão, finalmente, reconhecidas pelo Estado.

 

UMA VITÓRIA CONTRA O PRECONCEITO

 

Por trás desse mutirão, existe dor, história e resistência.


“É um nome de luta. Antes, a gente escondia nossa fé por medo. Hoje, saio dizendo que sou do Candomblé”, conta Ya Rosa, emocionada.

 

Entre os participantes está Ayana Dandara, 21 anos, que vai acrescentar “naromin” — “a velha Nanã das águas” — ao nome civil.


Ela resume bem o tamanho da conquista:


“Achei que nunca seria possível. Mas é minha vida, minha história, minha existência.”

 

 A LEI EXISTE — O POVO NÃO CONSEGUE ACESSAR

 

A legislação federal já permite a troca de nomes diretamente no cartório.

Mas existe um problema:


➡️ O processo custa até R$ 500 — um valor inacessível para muitos.

 

Por isso, a Defensoria decidiu agir de forma coletiva e gratuita, garantindo que o direito seja de todos, não só de quem pode pagar.


Documentos serão coletados, organizados e enviados à Justiça.

O prazo estimado: seis meses para a mudança oficial.

 

É mais que uma ação jurídica — é uma mensagem ao Brasil:


A fé afro-brasileira merece respeito. A identidade merece reconhecimento. O povo merece dignidade.

 

“Compartilhe esta história — porque quando a ancestralidade é reconhecida, toda uma comunidade renasce.”

 

Foto: Internet


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