Bahia sangra de novo: até quando o povo vai enterrar seus sonhos?
- Nilson Carvalho

- 9 de nov.
- 2 min de leitura

Por: Nilson Carvalho — Jornalista, ativista social e ambientalista
Vereador e assessor executados em Santo Amaro expõem o colapso da segurança e da vida humana no estado
A Bahia, terra de alegria, música e fé, amanheceu mais uma vez coberta pelo manto da dor e da indignação.
O assassinato do vereador Gleiber Júnior (Avante), de apenas 36 anos, e de seu assessor Diego Castro Reis, em uma fazenda de Santo Amaro da Purificação, é mais do que uma tragédia — é um retrato cruel do tempo em que vivemos.
Dois homens públicos, pais, filhos e cidadãos, foram executados no silêncio da madrugada. A cidade acordou em choque, o povo em prantos, e o estado… em silêncio.
Quando a política enterra seus filhos, a democracia também morre um pouco
Gleiber era visto como uma promessa política. Jovem, atuante, sonhava alto: queria representar o povo baiano em Brasília.
Mas os tiros que silenciaram sua voz ecoam muito além das fronteiras de Santo Amaro — eles denunciam o colapso da segurança pública, a banalização da violência e o medo que toma conta das comunidades baianas.
Quantas mães ainda vão chorar? Quantos líderes comunitários, vereadores, jovens e trabalhadores precisarão morrer para que o Estado reaja de verdade?
Bahia: o estado que mata mais que uma guerra
Segundo dados recentes, a Bahia tem índices de homicídios maiores que zonas de conflito armado, como a guerra entre Ucrânia e Rússia. É duro dizer, mas é a verdade.
Aqui, o povo não morre por mísseis — morre por abandono, omissão e impunidade.
Cada corpo encontrado, cada jovem silenciado, cada inocente alvejado é um grito que ecoa nos becos das favelas, nos interiores esquecidos e nas capitais sem rumo.
E o mais triste: a sociedade se acostumou a ver sangue.
O luto é do povo
A Câmara Municipal decretou três dias de luto, políticos postaram notas, e as redes se encheram de homenagens.
Mas o luto verdadeiro é do povo que sente na pele o peso de viver em um lugar onde a vida perdeu valor.
Santo Amaro, cidade de grandes nomes e história, agora soma mais dois nomes ao muro invisível dos esquecidos.
Dois trabalhadores públicos, que deveriam ser exemplos de serviço, viraram estatística da violência.
Um clamor que não pode calar
Como ativista social, não posso me calar diante dessa barbárie.
Não é apenas sobre Gleiber e Diego — é sobre todos nós.
É sobre o direito de sair de casa e voltar vivo.
É sobre o dever das autoridades de proteger o cidadão e não fingir que tudo está bem.
Enquanto a Bahia continuar derramando sangue e os criminosos reinarem impunes, não haverá progresso, nem turismo, nem paz.
Até quando vamos normalizar o horror? Que esse crime desperte o povo para exigir justiça, segurança e respeito à vida!
Foto: Internet







Lamentável demais!