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ÁGUA DE CADA DIA OU DESCASO ENGARRAFADO?


Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.


A indignação dos moradores de Catu diante da água "suco de tamarindo" escancara um drama invisível e desumano no interior da Bahia

 

“A conta tá paga em dia, mas o serviço oferecido tem sido assim” — a frase de um morador da cidade de Catu, nordeste da Bahia, ecoa como um grito abafado de um povo que há tempos convive com a violação silenciosa de um direito essencial: o acesso à água potável.

 

Em um vídeo que circulou pelas redes sociais e ganhou destaque na imprensa, um cidadão revoltado ironiza a cor da água que sai de sua torneira. Com coloração marrom, o líquido se assemelha a "suco de tamarindo" — não pela doçura, mas pela aparência turva, imprópria para o consumo e até para tarefas básicas como lavar louças ou tomar banho.

 

Essa realidade é confirmada por diversos moradores, especialmente do bairro Rua Nova, onde o cenário é de completo abandono. Famílias inteiras têm recorrido a carros-pipa e improvisos perigosos para suprir suas necessidades, enquanto assistem, incrédulas, à ineficiência de obras prometidas, como o novo sistema de abastecimento da fazenda Alva Luz e o reservatório de 560 mil litros, que até agora não surtiram efeito prático.

 

O prefeito Pequeno Sales (PT) chegou a anunciar uma caixa d'água de 500 mil litros como solução, mas a promessa continua longe de se tornar realidade. Enquanto isso, a dignidade da população segue sendo lavada — ou melhor, manchada — pela água suja e pela ausência de respeito.

 

O PARADOXO A 30 KM DE DISTÂNCIA


O que torna tudo ainda mais estarrecedor é a proximidade de Catu com a cidade de Alagoinhas, a apenas 30 quilômetros de distância. Lá, o mesmo SAAE — responsável pelo fornecimento de água — comemora um reconhecimento internacional: a segunda melhor água do mundo, segundo rankings e estudos técnicos.

 

Alagoinhas é hoje símbolo de gestão sustentável, ciência aplicada e participação popular. Um exemplo vivo de que é possível oferecer qualidade, dignidade e saúde à população quando há compromisso real. Por que Catu não merece o mesmo?

 

ÁGUA É DIREITO, NÃO LUXO


É preciso lembrar que o acesso à água potável é um direito humano fundamental, reconhecido pela Organização das Nações Unidas. Negá-lo é não apenas uma falha administrativa, mas uma grave violação dos direitos humanos — que afeta, prioritariamente, os mais vulneráveis: crianças, idosos e famílias de baixa renda.

 

Não se trata apenas de coloração, mas de consequências profundas: contaminações, doenças, evasão escolar por falta de higiene, perda de autoestima e uma indignidade cotidiana que adoece não só o corpo, mas o espírito de um povo.

 

REFLITA, COMPARTILHE, EXIJA.

Catu não precisa de suco de tamarindo na torneira. Precisa de justiça, dignidade e água limpa. Água é vida. Água é direito. Água não é promessa: é obrigação.

 

"Quem tem sede de justiça, não pode beber da fonte da negligência."

Foto: Internet

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