Sophie, 5 anos: Quando a dor da omissão é maior que o impacto do portão
- Nilson Carvalho

- 2 de jun.
- 2 min de leitura

Campo Grande — A morte da pequena Sophie Emanuelle Viana Rochete, de apenas 5 anos, não foi apenas uma fatalidade. Foi um grito silenciado pela negligência. Um portão caiu, sim. Mas o que esmagou a vida dessa criança foi o peso da omissão, da pressa, da frieza e da falta de sensibilidade de um sistema que insiste em tratar seres humanos como números de prontuário.
No dia 25 de maio, Sophie sofreu um traumatismo craniano após o portão de casa cair sobre sua cabeça enquanto brincava. Levada às pressas à Santa Casa de Campo Grande, a menina foi liberada em menos de quatro horas, com apenas um raio-X e a recomendação de “observar em casa”. No relatório, nenhuma urgência. Nenhum alarme. Nenhuma tomografia. Afinal, ela “parecia bem”.
Só que Sophie não estava bem.
Horas depois, a menina voltou ao hospital com sintomas claros de agravamento: vômitos, febre, dores intensas. Só então foi realizada uma tomografia, revelando o que o olhar apressado do primeiro atendimento não captou — ou não quis enxergar. Já era tarde demais. Sophie sofreu duas paradas cardíacas e morreu dias depois, aos 5 anos, com hemorragia cerebral e fratura no crânio.
O relatório do Instituto Médico Legal é contundente: "hemorragia subaracnóidea, hematoma subdural, fratura parietal direita e impacto por objeto em queda". A denúncia da família é ainda mais dolorosa: “Deixaram minha sobrinha ir morrendo aos poucos”, desabafou a tia nas redes sociais.
A Polícia Civil agora investiga o caso como suspeita de negligência médica e omissão de socorro. A Santa Casa de Campo Grande afirma estar reavaliando as condutas. Mas a reavaliação não trará Sophie de volta. Não apagará a dor de uma família que confiou em um sistema que deveria proteger, mas permitiu que a menina morresse aos poucos, sem dignidade, sem resposta, sem tempo.
Quantas Sophies mais precisarão morrer até que o “protocolo” seja substituído por humanidade?
Sophie era uma criança. Tinha cinco anos. Tinha uma vida inteira pela frente. E foi arrancada do colo da mãe por uma sequência de escolhas erradas — ou pela falta delas.
"A pressa em liberar uma criança custou a eternidade de uma vida que mal começou. Não foi só um portão que caiu — foi um sistema inteiro que desabou sobre ela."
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Foto: Arquivo familiar / Redes sociais
Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos







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