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Silenciaram a voz de um guerreiro: professor indígena é brutalmente assassinado no sul da Bahia



Domingos Braz, referência na luta pela preservação da cultura Pataxó, foi morto a facadas. Sua morte é mais do que um crime — é um alerta para o abandono e a violência que ainda recaem sobre os povos originários do Brasil.

 

Porto Seguro, BA – Numa noite que deveria ser de paz dentro de uma aldeia, mais um grito de dor ecoou no coração da floresta. O sangue derramado do professor indígena Domingos Braz de Jesus, de 41 anos, manchou não apenas a terra sagrada dos Pataxó, mas também a consciência de um país que ainda não aprendeu a proteger seus filhos originários.

 

Domingos foi morto brutalmente a golpes de faca na Aldeia Pará, localizada no extremo sul da Bahia, em Porto Seguro. Ainda não se sabe quem cometeu o crime ou por quê. Mas o que se sabe — e se sente — é que uma vida inteira dedicada à educação, à resistência e ao amor pelo seu povo foi interrompida sem piedade.

 

Um educador, um símbolo, um legado

Domingos não era “apenas” um professor. Era um guardião da língua, da memória, das raízes e das esperanças de um povo que luta todos os dias para existir. Atuava na Escola Indígena Pataxó de Barra Velha e era um rosto constante nas mobilizações pela demarcação de terras, pelos direitos dos povos originários e pela preservação da cultura Pataxó.

 

O Conselho de Caciques Pataxó (CONPACA), em nota emocionada, lembrou de Domingos como um “guerreiro incansável”, trabalhador, presente e íntegro. Um homem cuja missão era ensinar não só com livros, mas com o exemplo vivo de dignidade e resistência.

 

Silêncio que fere

A morte de Domingos é mais do que uma tragédia individual — é o reflexo de um Brasil que ainda permite que seus mestres, sobretudo os indígenas, sejam invisibilizados, negligenciados e assassinados. Um país que se cala diante de crimes como este consente, mesmo sem palavras, com a violência.

 

Não há como naturalizar que um professor indígena, símbolo de cultura e sabedoria, seja assassinado dentro de sua própria aldeia sem que isso provoque indignação nacional.

 

Onde estão as vozes que deveriam proteger?

 

Enquanto a Polícia Civil investiga, o povo Pataxó chora. E o Brasil precisa acordar. Porque a morte de Domingos é, também, uma morte simbólica daquilo que ele representava: o conhecimento ancestral, o amor pela terra, o respeito pela diversidade.

 

“Quando um professor indígena é assassinado, não é só uma vida que se perde — é uma biblioteca inteira queimada, uma língua silenciada, uma história arrancada do chão.”

 

Compartilhe. Reflita. Não permita que o silêncio seja cúmplice.


Foto: Arquivo comunitário / Redes sociais

Texto: Nilson Carvalho – Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos

 
 
 

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