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Sexo, Silêncio e Escândalo: O que Realmente Está Doente no Caso do Hospital de Teresópolis?

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Por Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura

 

Enquanto pacientes lutam por vida nos corredores superlotados do SUS, um escândalo envolvendo profissionais de saúde no Hospital das Clínicas de Teresópolis desvela algo muito mais grave do que um caso de sexo grupal: revela a profunda crise ética, moral e estrutural que assola parte das instituições brasileiras, onde os valores humanos estão sendo substituídos por uma banalização corrosiva da dignidade.

 

Desde meados de junho, vídeos e áudios viralizam nas redes sociais descrevendo em detalhes um ato sexual coletivo ocorrido dentro do hospital, envolvendo médicos, enfermeiros, técnicos e até uma funcionária da copa — tudo isso em pleno ambiente de plantão noturno. A denúncia teria partido de uma das participantes após ser demitida.

 

O fato, por si só, é gravíssimo. Não apenas pela quebra dos códigos éticos e de conduta profissional, mas pelo cenário simbólico onde isso ocorreu: um hospital. Um espaço sagrado da vida, que deveria ser lugar de cuidado, respeito e entrega. Transformar esse ambiente em palco de práticas tão fora do contexto funcional é um ultraje à saúde pública e à confiança social.

 

Do escândalo à responsabilidade

A direção do hospital agiu com firmeza ao afastar os envolvidos e instaurar sindicância interna. Mas o episódio não deve se encerrar em punições administrativas. É preciso discutir a raiz do problema: que cultura institucional permite esse tipo de comportamento? Onde está a supervisão? Que tipo de formação emocional e ética está sendo repassada aos profissionais de saúde?

 

Além disso, há outro crime em curso: a exposição e o compartilhamento não consentido dos vídeos, o que configura violação da Lei 13.718/2018. Divulgar ou repassar qualquer conteúdo íntimo sem autorização não é só imoral, é crime com pena de até 5 anos de reclusão. E, nesse ponto, a sociedade também precisa rever seu papel — pois o julgamento moral não pode se sobrepor ao respeito legal.

 

Um espelho da sociedade

O caso viralizou mais por seu apelo escandaloso do que pela seriedade que exige. Enquanto rimos ou julgamos, esquecemos que por trás de cada envolvido há contextos humanos, fragilidades, estruturas de poder e desigualdades — inclusive de gênero, hierarquia e coerção.

 

Não estamos diante de um "surubão hospitalar". Estamos diante de uma instituição contaminada por silêncio, negligência e ausência de consciência profissional. E, de forma mais ampla, estamos diante de uma sociedade doente, que prefere expor do que curar, zombar do que refletir, e cancelar do que compreender.

 

“Quando um hospital vira manchete por escândalo e não por salvar vidas, é sinal de que a enfermidade mais grave não está nos leitos — está na alma de uma sociedade sem limites.”

 

Compartilhe. Reflita. Que a ética volte a ser prioridade — em todos os ambientes.

Foto: Internet

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