Rodoviária de Salvador: 330 Mil Vidas em Trânsito — Quando o São João Vai Além da Festa
- Nilson Carvalho

- 20 de jun.
- 2 min de leitura

Enquanto os olhos se voltam para os fogos, o forró e os festejos juninos, um outro espetáculo acontece longe dos palcos: o fluxo humano que movimenta os corredores da Rodoviária de Salvador. De 18 a 24 de junho, mais de 330 mil pessoas cruzam seus caminhos entre partidas e reencontros, na esperança de viver momentos de alegria, reencontrar raízes ou simplesmente descansar da dureza do cotidiano.
O sábado, 21 de junho, deve ser o ápice dessa travessia, com mais de 87 mil pessoas circulando pelo terminal — um número que, mais do que estatística, representa sonhos, saudades, esperanças e também invisibilidades.
Entre as Malas e os Silêncios
Por trás das bagagens, há histórias que os números não contam:
A mãe que viaja horas para ver os filhos.
O trabalhador informal que economizou centavo por centavo para estar perto dos seus.
O idoso que carrega memórias no rosto enrugado, mas que caminha com passos firmes entre a multidão.
A criança que nunca viu o interior e aguarda, com os olhos brilhando, a primeira fogueira acesa na terra do avô.
É preciso refletir sobre o que essa massa de gente representa: um país que ainda migra para pertencer, que se desloca porque é na simplicidade do interior que a vida ainda faz sentido — mesmo em um país que tantas vezes falha em garantir dignidade onde quer que se esteja.
Os Destinos da Saudade
Destinos como Amargosa, Ibicuí, Senhor do Bonfim, Vitória da Conquista, Cruz das Almas e tantos outros do interior baiano se tornam o coração pulsante dessa mobilização cultural e afetiva. A Chapada Diamantina, o Litoral Norte e as cidades do Recôncavo acolhem milhares de filhos temporários — com suas ruas enfeitadas, suas mesas fartas e seus abraços quentes.
Mas... quantos vão e não voltam? Quantos viajam carregando a ausência de um lar digno ou de uma cidade com oportunidades?
A Viagem que o Brasil Precisa Fazer
O São João é a festa do povo. Mas é também um espelho: mostra quem somos, de onde viemos — e, sobretudo, o quanto ainda precisamos caminhar para garantir o direito de ir e vir com dignidade, segurança, acessibilidade e respeito para todos.
A rodoviária se torna, neste momento, mais do que um ponto de partida. É um ponto de encontro de realidades sociais. É também um termômetro de esperança e desigualdade.
"Que nunca nos esqueçamos: por trás de cada embarque há um Brasil em movimento — e em busca de dignidade."
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Foto: Internet
Por: Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos







Rodoviárias. Pessoas pra lá e pra cá. Viagens, algumas por extrema necessidade ( trabalhos, falecimentos de familiares, etc), mas uma boa parte das pessoas viajam com prazer para conhecer novas cidades, visitar pessoas amadas que já tempos não as viam, ou mesmo um amor indo ao encontro de seu par...enfim, em casa rosto, uma marca, em casa coração uma história. Esperamos que para a maioria seja sempre de alegrias. E que venham novos e bons momentos...