“Quem aperta o botão que te substitui?” – A face humana por trás da automação silenciosa
- Nilson Carvalho

- 11 de jun.
- 2 min de leitura

No silêncio das máquinas, vozes humanas começam a desaparecer.
Não é ficção científica, é o presente. A revolução da Inteligência Artificial (IA) está em curso e avança veloz — mas enquanto os algoritmos ganham espaço, milhões de trabalhadores no mundo todo se perguntam: "Onde caberei nesse futuro que não me vê?"
A pesquisa recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK), traz um alerta que deveria soar como um grito: 1 em cada 4 empregos no mundo está em risco de ser substituído por IA. Isso não é apenas uma estatística. É a babá que teme o robô que ensina, o balconista que vê uma tela ocupar seu espaço, o atendente de call center substituído por uma voz sem alma.
É a invisibilização do esforço humano, escancarada pela frieza dos números.
Quando inovação vira excludente
A IA já está automatizando caixas de supermercado, chatbots ocupam o lugar de atendentes, tradutores automáticos fazem o papel de linguistas e softwares analisam planilhas com precisão milimétrica.
E o que acontece com quem perde o posto? Não há requalificação suficiente. Não há plano B. Há apenas silêncio e exclusão.
Se para alguns a tecnologia é sinônimo de eficiência, para outros é a antecipação do desemprego, da fome e da perda da identidade profissional. O drama social se agrava quando entendemos que os mais atingidos são justamente os que já enfrentam desigualdade: trabalhadores precarizados, periféricos, sem acesso a educação tecnológica ou reconversão de carreira.
Enquanto a elite discute produtividade em painéis sobre “o futuro do trabalho”, milhões vivem o presente do medo.
A pergunta que ninguém quer responder: “e quem cuida de quem foi deixado para trás?”
Se a IA chegou para melhorar vidas, por que ela começa desumanizando?
Se o futuro é inevitável, que ele venha com políticas públicas, com justiça social, com preparo emocional e psicológico, com um novo pacto entre tecnologia e humanidade.
Porque nenhum avanço tecnológico justifica o colapso da dignidade humana.
“O futuro do trabalho não pode ser construído apagando as pegadas de quem nos trouxe até aqui.”
Compartilhe. Reflita. Lute por um amanhã onde ninguém seja deletado.
Foto: Internet
Por: Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos







Comentários