Quatro Meses de Silêncio e Sangue: O Grito da OAB por Justiça no Caso da Advogada Executada em Ipiaú
- Nilson Carvalho

- 23 de jun.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho — Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos
Maria das Graças Barbosa dos Santos, 50 anos, mulher, negra, advogada criminalista, foi calada por tiros de fuzil em plena luz do dia. Quatro meses depois, o som ensurdecedor da impunidade ecoa ainda mais alto do que os disparos que a mataram. Não há presos. Não há respostas. Há silêncio. Um silêncio cúmplice e inaceitável.
A Ordem dos Advogados do Brasil — Seção Bahia (OAB/BA), diante da estagnação da investigação conduzida pela Polícia Civil, entrou oficialmente com uma intervenção no inquérito policial. O objetivo: saber o que foi feito, quem foi ouvido, quais laudos foram produzidos e, acima de tudo, por que os responsáveis pela execução brutal da advogada continuam livres.
Maria das Graças não era apenas uma advogada. Era uma defensora do contraditório, do direito de defesa — valores que sustentam a democracia. E foi justamente por atuar com firmeza em um dos campos mais perigosos da advocacia, o Direito Penal, que pode ter sido marcada para morrer. O que está em jogo não é apenas a solução de um crime bárbaro, mas a garantia de que a advocacia possa exercer sua função sem medo de retaliação ou morte.
O advogado Edgar Freitas, da Procuradoria Jurídica e Prerrogativas da OAB/BA, não economizou firmeza: “Vamos esgotar todas as medidas administrativas. Se a autoridade policial não responder, o Ministério Público e a Corregedoria serão acionados. Não aceitaremos omissão.” Freitas relembra ainda que o artigo 50 do Estatuto da Advocacia garante o acesso da Ordem às informações do inquérito.
Enquanto isso, o delegado titular da Delegacia de Ipiaú, Isaías Pereira, não respondeu às tentativas de contato da imprensa entre os dias 14 e 17. O silêncio institucional é, neste momento, uma afronta à memória da vítima, à advocacia, à justiça e aos direitos humanos.
Impunidade não é apenas falha do sistema: é recado para os próximos alvos.
Maria das Graças morreu pelas mãos de desconhecidos, mas o descaso que se perpetua quatro meses depois tem rostos, nomes e responsabilidades. Não se trata apenas de resolver um crime. Trata-se de reafirmar que nenhuma mulher deve pagar com a vida por exercer sua profissão com coragem.
É hora de transformar a dor em grito, o silêncio em mobilização e a indignação em justiça.
Quantas Marias ainda terão que tombar para que o Estado acorde?
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Foto: Internet







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