Polo de Camaçari – 47 anos entre Progresso e Desigualdade: O Complexo Industrial que Impulsiona a Bahia e Desafia sua Responsabilidade Social
- Nilson Carvalho

- 29 de jun.
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Por Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador da Cultura e dos Direitos Humanos
Há 47 anos, o Polo Industrial de Camaçari transformou a paisagem e a economia da Bahia. Erguido como símbolo do avanço tecnológico e da industrialização nacional, o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul se consolidou como motor da economia baiana, gerando mais de 50 mil empregos e movimentando cerca de US$ 15 bilhões por ano.
Composto por mais de 80 empresas de diversos setores – de petroquímicas a energias renováveis – o Polo se tornou referência nacional e internacional não apenas por sua produção, mas também pelos investimentos em inovação, logística e sustentabilidade. Não há como negar: a engrenagem econômica gira com força em Camaçari.
Mas o desenvolvimento precisa de equilíbrio. E é neste ponto que a análise se aprofunda: quem, de fato, tem acesso aos frutos desse crescimento? Nas sombras do progresso, ainda vivem comunidades com altos índices de vulnerabilidade social, onde o barulho das máquinas contrasta com o silêncio da exclusão.
Apesar dos projetos sociais e educacionais desenvolvidos por empresas do Polo e pelo COFIC – como o Programa de Incentivo à Educação e o Construindo o Futuro – as desigualdades seguem gritantes nas periferias que circundam o complexo. Falta saneamento básico, segurança, oportunidades reais de empregabilidade para os jovens e, sobretudo, inclusão efetiva nas decisões que moldam o território.
A inovação precisa dialogar com a inclusão. Não basta gerar ICMS e recordes de exportação. É preciso garantir que o menino de Dias d’Ávila que vê o Polo da janela da escola pública tenha chances reais de construir sua carreira ali dentro — não apenas sonhar com ela.
O Sebrae, ao destacar que o desenvolvimento sustentável exige inclusão territorial real, levanta uma questão crucial: o Polo é para a Bahia inteira ou apenas para uma elite produtiva? Os investimentos são bilionários, mas os retornos sociais ainda não alcançam com equidade os que mais precisam.
É tempo de celebrar, sim. Mas é tempo, sobretudo, de transformar.
O Polo de Camaçari precisa ser símbolo de um novo modelo de progresso: mais justo, mais diverso, mais humano. Um desenvolvimento que não apenas gere lucro, mas gere pertencimento, dignidade e justiça social.
Progresso sem inclusão é só um brilho que cega — e não ilumina. Que o Polo de Camaçari siga crescendo, mas que cresça também o compromisso com os que ainda estão à margem. Compartilhe.
Foto: Internet







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