PEPE MUJICA — UM SER HUMANO ESPECIAL
- Nilson Carvalho
- 14 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de mai.

Há encontros que o tempo não apaga. Eles permanecem gravados, não apenas na memória, mas no coração — como marcas deixadas por almas grandiosas que cruzam nosso caminho. Assim foi o dia em que estivemos diante de José "Pepe" Mujica, um homem que, mesmo sendo presidente, nunca deixou de ser gente.
Anos atrás, numa reunião no Hotel São Rafael, durante a visita de Mujica ao Rio Grande do Sul, onde se encontrou com o então governador Tarso Genro, vivi um desses momentos que parecem retirados de um filme — mas que foram pura realidade. Fomos designados, Ana Florencia e eu, junto com Dario Zuffo, para recepcioná-lo. E ali, na simplicidade dos bastidores, começou algo que nos marcaria para sempre.
Na recepção, uma cena emblemática: o protocolo do governo estadual questionava como o governador deveria se vestir. A resposta vinda da comitiva uruguaia foi quase uma poesia de simplicidade:
“Como quiser. Nunca sabemos como o presidente virá. Pode aparecer de alpargatas, calça de brim e um blusão… ou de sandálias franciscanas, calça preta e uma camisa. Gravata? Jamais.”
Foi assim que Mujica chegou — desarmado de vaidades, cercado de humildade. Um presidente que dispensava seguranças, mas fazia questão de ser recebido com alma. Ao nos vermos como uruguaios, ele nos convidou a acompanhá-lo até a suíte. Só nós três. Subimos, conversamos, rimos, e alguém, no silêncio de um instante que se tornaria eterno, registrou uma foto. Um retrato que hoje carrega história, emoção e honra.
Nos poucos minutos em que estivemos juntos, ele nos inundou com perguntas: de onde viemos, o que fazíamos… Mas, mais do que isso, ele nos presenteou com o que de mais raro se encontra em um líder: a escuta genuína, o olhar humano, o brilho da simplicidade.
Pepe Mujica já era um ícone mundial. Mas ali, diante de nós, ele era só Pepe — o homem do campo, o ex-preso político que venceu o ódio com a ternura, o presidente que preferia flores a palácios. Com defeitos, claro, como todo ser humano. Mas com uma luz que poucos têm: a da honestidade vivida e do amor pelas pessoas.
Este texto é do amigo e colunista Carlos Higgie, que teve o privilégio de conviver com Mujica de forma pessoal.
"Pepe Mujica nos provou que a verdadeira grandeza não está no poder, mas na coragem de ser simples em um mundo que valoriza aparências."
Uma homenagem da TV Bahia 3 & Grupo Papo de Artista Bahia a um homem que nos ensinou que o poder não está no cargo, mas na essência.
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