Oportunidade ou exceção? Bracell abre vagas no Polo de Camaçari, mas expõe abismo entre promessas e acesso real ao emprego digno
- Nilson Carvalho

- 11 de jul.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista e Ativista Social
Enquanto comunidades de Camaçari convivem com desemprego, falta de acesso à educação técnica e abandono institucional, a multinacional Bracell anuncia novas vagas e estágios para sua planta no Polo Industrial. A notícia soa como esperança para alguns, mas também revela o desequilíbrio de um sistema que concentra oportunidades onde poucos têm preparo — e muitos, necessidade.
A empresa, líder na produção de celulose solúvel, abriu inscrições até 17 de julho para duas vagas efetivas: Analista de Custos Júnior e Analista de Outbound Pleno. Também estão disponíveis duas vagas de estágio, além de um banco de talentos voltado para operadores de máquinas na área florestal.
Com promessas de bons salários, plano de saúde, alimentação, transporte e até auxílio-creche, a Bracell projeta uma imagem de responsabilidade social. Mas será que essas oportunidades alcançam realmente a juventude das periferias de Camaçari? Será que os jovens da zona rural, como os de Parafuso, Coqueiro de Arembepe ou da Alameda do Rio, têm acesso ao ensino técnico ou aos cursos de operação de máquinas florestais exigidos?
A empresa tem sim seu mérito, ao oferecer formação complementar e apoio à educação, mas fica evidente que as barreiras estruturais seguem afastando o povo do Polo que é construído no território, mas não com a gente. É preciso lutar para que essas vagas sejam acompanhadas de políticas públicas reais de qualificação e inclusão. O desenvolvimento de uma cidade não pode se medir apenas pela quantidade de fábricas, mas pelo quanto elas ajudam a transformar vidas.
Enquanto as empresas contratam, o poder público precisa garantir que o povo esteja pronto para ocupar.
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Emprego digno não deve ser exceção — deve ser direito.
Foto: Internet







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