"O Brasil que Afunda: Fraudes no Seguro-Defeso Desrespeitam os Verdadeiros Pescadores e Afogam a Esperança de um País Justo"
- Nilson Carvalho
- há 15 horas
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Por Nilson Carvalho – Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos
No dia em que o Brasil deveria honrar o pescador artesanal — trabalhador que vive do rio, do suor e do silêncio das águas —, o país é sacudido por um escândalo que envergonha a nação e revolta os cidadãos honestos. Comemoramos o quê, afinal, se a corrupção apaga o valor do trabalho e transforma políticas públicas em negócios escusos?
O seguro-defeso, criado para garantir dignidade a pescadores durante o período de reprodução dos peixes, tornou-se o epicentro de uma fraude bilionária que escancara o uso criminoso da pobreza como ferramenta de poder. Em 2024, o programa consumiu R$ 5,9 bilhões dos cofres públicos, grande parte desviada para pescadores-fantasma registrados por entidades conveniadas já investigadas por corrupção.
O caso de Mocajuba (PA) beira o absurdo: quase toda a população adulta da cidade consta como pescadora, um número incongruente com a realidade local. Em Cametá (PA), 44 mil registros de pescadores — um terço da população — foram aprovados sem critério. O mesmo se repete em dezenas de municípios no Maranhão e no Pará, onde os dados contradizem a produção pesqueira real, o número de embarcações e até a existência de empresas do setor.
Fraude orquestrada, miséria utilizada
Não se trata apenas de números frios. Trata-se de um drama social e moral. O povo pobre e honesto é, mais uma vez, manipulado como massa de manobra. A fome vira fachada. A necessidade é explorada para alimentar quadrilhas infiltradas no poder. E quem paga por isso não são apenas os cofres da União — somos todos nós, brasileiros que ainda acreditam em justiça.
Enquanto líderes de federações e colônias de pesca movimentam milhões, famílias verdadeiramente ribeirinhas continuam invisíveis, lutando por seus direitos com as mãos calejadas e o prato vazio. São eles que deveriam ser exaltados no Dia do Pescador — mas sua voz é silenciada por registros fraudulentos, senhas corrompidas e um sistema que prefere premiar o crime do que proteger o cidadão.
Governança questionada, esperança em xeque
Apesar das novas medidas do governo, como a validação biométrica e o envolvimento das prefeituras, ainda paira a dúvida: haverá, de fato, responsabilização? O retorno de figuras envolvidas em escândalos passados à liderança de entidades nacionais mostra que o ciclo de impunidade continua girando.
A presença de personagens já denunciados ao lado de ministros em eventos públicos sinaliza que, no Brasil, a memória institucional é curta — e o perdão à corrupção é seletivo.
Reflexão final:
O escândalo do seguro-defeso é mais que uma fraude administrativa — é uma ferida exposta na alma do Brasil. Ele grita contra a injustiça, revela o uso cruel da pobreza e clama por uma revolução ética nas políticas públicas. O pescador real, que honra sua rede e seu barco, não precisa de esmola — precisa de respeito.
E fica a pergunta que ecoa nos barracos, nos becos e nos rios do Norte ao Sul do país:
"Esse país ainda tem jeito?"
“Quando a injustiça se torna rotina, a indignação precisa se tornar resistência. Compartilhe. Reflita. Reaja.”
Foto: Internet
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