Nova Rodoviária em Lençóis: Porta Aberta Para o Progresso ou Mais Uma Obra Longe do Povo?

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social

Você sabia que estão investindo mais de R$ 10 milhões numa nova rodoviária em Lençóis, na Chapada Diamantina? A notícia parece boa – e até pode ser – mas, como ativista social, preciso te convidar a olhar com mais atenção: quem será realmente beneficiado com essa estrutura?

O novo Terminal Turístico e Rodoviário da Chapada Diamantina, no distrito de Tanquinho (ou Coronel Octaviano Alves), já tem contrato assinado com a Engec Construtora LTDA. O projeto é moderno, com espaço comercial, praça de alimentação, acessibilidade, guichês, sete vagas para ônibus e mais de 30 para carros.

Localizado às margens da BR-242 e perto do aeroporto de Lençóis, a obra foi pensada para “fortalecer o turismo”. Mas o turismo para quem? Para o povo da terra ou só para quem vem de fora?

Oportunidade ou distanciamento?

De um lado, é verdade: a Chapada Diamantina é um dos principais destinos de ecoturismo do Brasil. Trazer estrutura pode gerar empregos, valorizar o comércio local e atrair novos investimentos.

Mas por outro lado, a grande pergunta é: essa rodoviária vai servir também ao povo que vive nos bairros mais afastados, nas comunidades quilombolas, nos distritos menos visitados? Ou será mais uma obra de fachada, com estrutura moderna, mas distante da realidade do povo?

A escolha do distrito de Tanquinho como sede do terminal, segundo a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), foi estratégica. Mas estratégica para quem? Para facilitar o turismo ou para aproximar os serviços de transporte da população local?

Impactos sociais precisam ser discutidos

Obras de grande porte, como essa, precisam ser pensadas com responsabilidade social. Será que esses mais de R$ 10 milhões também poderiam ser investidos em melhorar o transporte intermunicipal que muitas vezes é precário, nos abrigos de passageiros das comunidades ou em ônibus com mais acessibilidade?

Quantas vezes as rodoviárias do interior são bonitas por fora, mas sem alma, sem vida local, sem cultura e sem o povo dentro?

Potencial de crescimento... se o povo for incluído!

A verdade é que, se bem gerida, essa rodoviária pode sim impulsionar a economia, gerar novas oportunidades para pequenos comerciantes, artesãos, motoristas de táxi e guias turísticos locais. Mas para isso, o povo precisa ser convidado a fazer parte do processo, e não apenas aplaudir a entrega da obra.

Fazer bonito para turista ver é fácil. Difícil é construir com consciência, ouvindo quem vive, sente e sofre na região.

Fica aqui o chamado:

Que a nova rodoviária de Lençóis não seja só mais uma vitrine bonita. Que seja ponte, e não muro. Que seja lugar de chegada para turistas, mas também de partida para sonhos de quem vive ali.

Compartilhe essa matéria e reflita: o progresso de verdade é aquele que alcança o povo – e não apenas os visitantes.

Foto: Internet