“Meu filho não consegue chegar à escola”: Superlotação e falta de apoio causam evasão escolar entre alunos PCD em Catu
- Nilson Carvalho

- 31 de mai.
- 2 min de leitura

Em pleno século XXI, quando o Brasil assina tratados internacionais e ostenta leis que garantem os direitos das pessoas com deficiência, estudantes PCD (Pessoas com Deficiência) no município de Catu, interior da Bahia, seguem sendo empurrados para fora do sistema educacional. E não é por falta de vontade ou esforço. É por falta de transporte digno, seguro e inclusivo.
A situação é tão grave que o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) foi obrigado a entrar com uma ação civil pública com pedido de liminar contra a gestão municipal, exigindo providências urgentes. O motivo? Crianças e adolescentes com deficiência estão desistindo de estudar. Não por escolha, mas por não terem como chegar à escola.
Segundo denúncia apresentada pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), há relatos de abandono escolar motivado pela ausência de monitores nos ônibus, figura essencial para garantir o deslocamento seguro desses estudantes. Além disso, a superlotação dos veículos — com alunos viajando em pé, espremidos e até próximos às portas — escancara o descaso com a vida e a dignidade dos estudantes, sobretudo na zona rural do município.
Direito violado
A Constituição Federal é clara: a acessibilidade e a educação inclusiva são direitos garantidos por lei. O Estatuto da Pessoa com Deficiência reforça esse dever. Ainda assim, alunos com limitações físicas ou intelectuais estão sendo deixados para trás, justamente por aqueles que deveriam protegê-los: o poder público.
A ação do MP-BA exige que a prefeitura disponibilize profissionais de apoio imediatamente e apresente um plano de gestão estruturado, com rotas, número de alunos PCD e medidas concretas para garantir o transporte seguro e contínuo.
Mas enquanto os processos tramitam, o tempo passa e os sonhos se apagam. Para muitas famílias, cada dia sem escola é um passo atrás no desenvolvimento, na inclusão e na esperança de um futuro melhor.
O grito das mães: “Nossos filhos existem”
“Meu filho não consegue ir à escola porque ninguém pode acompanhá-lo no ônibus. Ele é autista e precisa de apoio. É como se ele não existisse para o sistema”, desabafa Ana*, mãe de um aluno de 9 anos. “Estamos cansados de promessas. Nossos filhos têm o mesmo direito que qualquer outro.”
Enquanto isso, crianças com deficiência esperam, muitas vezes sem entender por que não podem mais ver seus colegas, brincar no recreio ou aprender a escrever o próprio nome.
A exclusão começa quando um ônibus parte sem lugar para todos. Quando a educação não é acessível, ela não é pública — é privilégio.
“Ignorar o direito de uma criança é silenciar o futuro de uma nação.” Compartilhe. Reflita. Lute por uma escola onde ninguém fique para trás. Nilson Carvalho
Foto: Internet
Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos







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