José Cupertino Filho o Colunista: A vergonha e indignação que nos invade

Nós, homens e mulheres, jovens e idosos, desse nosso país, que resistimos aceitar como normal o que se passa diante dos nossos olhos, deveríamos estar morrendo de vergonha e nos indignando com a situação que vivemos em nosso BRASIL.

A cada momento um novo escândalo, a cada dia mais fatos nos indicam que uma grande maioria do povo brasileiro perdeu a vergonha na cara e se especializou na lei de Gérson, “levar vantagem em tudo”, ou que ouviu e levou a sério o que disse o presidente Jânio Quadros “ou instaura-se a moralidade ou nos locupletemos todos”.

Pelo que estamos constatando, a moralidade não foi instaurada, e a locupletação virou uma prática largamente divulgada e abraçada com avidez, por um grande número de brasileiros, principalmente pelos que compõem os poderes constituídos, esses na sua maioria usam os cargos e os poderes que lhes são outorgados pelas posições que ocupam e montam as suas quadrilhas, para arrancar o que for possível dos recursos financeiros que estão sob a sua responsabilidade.

Assistimos em um passado próximo escândalos como: Mensalão, petrolão, lava jato, dinheiro escondido em malas, em cuecas e muitos outros crimes que, embora tenham havido confissões, havido delações premiadas que deixaram confirmadas a concretização desses crimes, havido acordos de leniência, onde são pactuados a devolução do dinheiro subtraído, tudo isso foi jogado pelo nosso judiciário para debaixo do tapete e os meliantes que praticaram todos esses crimes, que prejudicou de maneira decisiva a qualidade de vida de todo povo brasileiro que no fundo é quem paga as contas desses desvios, estão inocentados, livres para continuarem as suas trajetórias deletérias.

Mas esse estado de coisas, assistimos em todas as esferas da nossa sociedade, no comércio, onde produtos são adulterados e falsificados até na indústria de remédios

essa prática se faz presente, atestando a irresponsabilidade desses que assim agem, levando risco a saúde de quem faz uso desses produtos.

No âmbito do judiciário, existe um grande número de magistrados, sendo investigados por condutas irregulares na prática das suas funções, médicos afastados ou acusados pela prática de procedimentos condenáveis.

Pelo visto, a falta de vergonha, a tendência para a prática de atos condenáveis, não é privilégio de uma classe, todos os segmentos da sociedade estão contaminados.

Agora vem mais um escândalo de uma proporção ainda não determinada, o roubo do INSS, o desvio de uma “gorda” quantia, subtraída dos magros vencimentos dos aposentados, para os abutres não importa de quem se rouba, o negócio é roubar e quanto mais roubam e não são punidos mais eles roubarão.

Portanto tinha razão o Padre Antônio Vieira (1508-1597), que em um dos seus brilhantes sermões, ao qual deu o nome de “Conjugação do verbo roubar,” faz uma explanação lúcida, do quê já acontecia com os governantes que Portugal mandava para o nosso Brasil, naqueles primeiros anos da nossa pátria.

“Tanto que quando lá chegam, começam a roubar pelo modo indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhe aportem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo.

Depois de falar sobre vários tipos de roubo em diversos tempos do verbo ele encerra.

“Furtam pelo modo infinito, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, pois lá sempre deixam raízes em que se vão continuando os furtos”.

Ora, essa era a percepção de um homem que morreu em 1597, portanto há 428 anos que o BRASIL, vem sendo roubado.

Essa resistência pode dar razão aos que afirmam brincando que DEUS é brasileiro, que país se não fosse com ajuda de DEUS, resistiria a tanta roubalheira?

Por tudo isso é que desejo que os homens e mulheres de boa vontade, que não se contaminaram com o vírus da corrupção, da desonestidade e da roubalheira, mantenham-se firmes nas suas convicções e se indignem com tudo isso e lutem com as armas que dispõe para tentarmos mudar essa situação caótica em que se encontra o país.

E se de fato DEUS é brasileiro e entrar na causa, ganharemos mais essa batalha. Vamos à luta.

Até breve e um forte abraço.

José Cupertino Filho