Greve dos Rodoviários: Salvador à Beira da Imobilidade e da Reflexão
- Nilson Carvalho

- 26 de mai.
- 2 min de leitura

A cidade de Salvador está prestes a viver um novo capítulo de tensão social: a partir da zero hora do dia 29 de maio, os rodoviários do transporte urbano entrarão em greve geral por tempo indeterminado, após sucessivas tentativas de negociação frustradas com os empregadores.
A decisão, tomada por unanimidade em assembleia da categoria, reflete um esgotamento coletivo diante da falta de diálogo efetivo com as empresas de transporte. Entre as principais reivindicações estão o reajuste salarial com ganho real, o respeito à jornada de trabalho legal e às escalas de folga, constantemente desrespeitadas segundo denúncias dos próprios trabalhadores.
"Não é só por salário. É por dignidade, por respeito, por saúde física e mental", relatou um rodoviário que prefere não se identificar, temendo represálias.
O sindicato acusa as empresas de apresentarem propostas insatisfatórias, como a retirada de folgas aos domingos, o fim do plano de saúde sob o argumento da existência do SUS, e um reajuste de apenas 2,42%, abaixo da inflação. Para os rodoviários, tais medidas são mais um passo rumo à precarização do trabalho.
Impacto em toda a cidade
A paralisação deve atingir diretamente o cotidiano de milhares de soteropolitanos que dependem exclusivamente do transporte coletivo para trabalhar, estudar e acessar serviços básicos. Escolas, hospitais, comércios e repartições públicas devem sentir o peso da ausência dos ônibus nas ruas.
A Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que o Consórcio Integra entrou com dissídio coletivo e aguarda audiência no Tribunal Regional do Trabalho, na tentativa de evitar o colapso no transporte público.
Contudo, o impasse persiste.
Mais do que uma greve: um grito coletivo
Esta greve não é apenas uma interrupção no serviço. Ela é o sintoma de um sistema urbano que adoece trabalhadores enquanto exige produtividade máxima, sem oferecer o mínimo de reconhecimento. É um espelho da desigualdade que se esconde nas engrenagens do ônibus, no banco do motorista, no cansaço do cobrador, no silêncio da população que só quer chegar em casa.
Que este momento sirva de alerta: quando o trabalhador é silenciado, a cidade inteira perde a voz.
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Foto: Internet
Texto: Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos







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