Fraudes na Bahia: quando o golpe não vem só do ladrão, mas também da falta de proteção
- Nilson Carvalho

- 9 de ago.
- 2 min de leitura

Por: Jornalista Nilson Carvalho – Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
A Bahia está vivendo um alerta vermelho que não pode mais ser ignorado. Só nos três primeiros meses de 2025, foram 184 mil tentativas de fraude — isso significa mais de 2 mil golpes por dia ou um golpe a cada 42 segundos. E antes que alguém pense que é “coisa rara” ou “história de internet”, é bom saber: qualquer um de nós pode ser a próxima vítima.
Os números não são só frios estatisticamente — eles carregam histórias de pessoas comuns, gente trabalhadora que, de uma hora para outra, vê seu dinheiro, seu nome limpo e sua paz de espírito sendo arrancados por criminosos digitais. E o pior: muitas vezes, o problema não termina quando o banco ou a empresa é avisado.
O caso da jovem baiana de 22 anos mostra isso. Ela descobriu uma cobrança de R$ 900 que não fez. Contestou, teve um estorno temporário, mas dias depois o valor voltou para a fatura. Agora, está sem crédito, sem recursos para comprar até remédios, e corre o risco de ter o nome sujo — mesmo sem ter culpa alguma. É desespero puro.
Como ativista social, não posso fingir que isso é “apenas” um problema individual. Esse tipo de crime é reflexo direto de dois fatores: a digitalização rápida sem educação digital e a falta de fiscalização eficaz das instituições financeiras e empresas de serviços. Ou seja, o povo está sendo jogado em um campo de batalha tecnológico sem armadura.
Especialistas já avisam: as quadrilhas estão mais sofisticadas e usam desde engenharia social até compra e venda de dados pessoais na dark web. O setor bancário é o mais visado, mas ninguém está imune — telefonia, varejo, serviços, todos entram na mira.
E aqui vai a parte que muitos não gostam de ouvir: a culpa não é só do golpista. É também de um sistema que não garante proteção ao consumidor. Bancos e empresas lucram bilhões, mas quando o cliente é vítima, o processo para ter o prejuízo reparado é lento, desgastante e, muitas vezes, humilhante.
Se o problema continuar nesse ritmo, além das perdas financeiras, teremos uma população cada vez mais desconfiada, com medo de usar serviços digitais, o que pode travar o crescimento econômico e gerar um efeito cascata no comércio e na vida das pessoas.
Enquanto isso, a gente precisa se proteger como pode: desconfiar de tudo que parece “bom demais”, nunca clicar em links desconhecidos, usar autenticação em dois fatores, e evitar expor dados pessoais nas redes. Mas também precisamos cobrar leis mais duras, fiscalização ativa e um atendimento digno para vítimas de fraude.
Porque, no fim das contas, não é só sobre tecnologia. É sobre gente. É sobre famílias que dependem de cada centavo do salário para sobreviver. É sobre dignidade.
"A pior fraude não é a que rouba o seu dinheiro, mas a que rouba o seu direito de ser protegido."
Foto: Internet







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