“Festas Populares e o Povo Invisível: Quando a Cultura Precisa Falar Mais Alto”
- Nilson Carvalho

- 17 de jun.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Ativista Social e Embaixador dos Direitos Humanos
Na manhã de hoje, a Câmara de Vereadores de Salvador foi palco de uma Audiência Pública promovida pela Comissão de Turismo com uma pauta nobre: as festas populares e os eventos culturais que movimentam Salvador, Bahia.
Num momento em que o capital turístico avança sobre os territórios culturais, a presença ativa da sociedade civil foi um gesto de resistência — e de urgência. Estiveram presentes diversas associações, coletivos e, representando o Bairro do Uruguai, a Associação Comunitária Educacional e Cultural (ACEDEC), por meio do colunista do Jornal Papo de Artista Bahia.
Mas o que parecia uma pauta administrativa, revela-se, na verdade, uma questão profundamente humana e social.
Festas como o Bonfim, Iemanjá, São João e Cosme não são apenas datas. São heranças vivas, raízes que sustentam a identidade de comunidades inteiras. No entanto, a quem pertencem esses eventos quando são apropriados apenas como produtos turísticos?
Quem lucra com a cultura, enquanto o povo criador continua à margem?
É preciso olhar para além dos palcos montados nos centros históricos. É preciso ouvir os tambores das periferias, os mestres da oralidade, as mães de santo, os artistas de rua, os educadores culturais. A cultura de Salvador pulsa nos becos, nos terreiros, nos guetos e nas vielas. E quando essas vozes se reúnem na Casa do Povo para exigir visibilidade, respeito e participação, é um grito que ecoa por justiça.

A participação da ACEDEC e de outras organizações representa muito mais do que presença — representa resistência, denúncia e construção de alternativas.
Salvador não pode continuar sendo vitrine para turistas enquanto esconde seu povo por trás das cortinas da desigualdade.
Turismo e cultura não podem caminhar separados da justiça social. Sem políticas públicas que valorizem os territórios de criação, incentivem os artistas locais e garantam recursos permanentes, a festa se torna espetáculo — e o povo, figurante.
"Cultura sem povo é cenário vazio. Que a voz da periferia não seja apenas eco nas audiências, mas força viva nas decisões."
Fotos: ACEDEC








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