Esporte, Cultura e Resistência em Movimento nas Águas de Itaparica
- Nilson Carvalho

- 11 de jul.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista e ativista social
ITA VA’A: Quando a canoagem vira símbolo de resistência, conexão ancestral e força coletiva
Nos dias 19 e 20 de julho, as águas da Baía de Todos-os-Santos deixam de ser apenas cenário paradisíaco e tornam-se palco de superação, cultura e pertencimento com a realização da 2ª edição do ITA VA’A — competição nacional de canoagem polinésia que reúne 350 atletas de todas as idades, vindos de diferentes estados brasileiros, em um verdadeiro rito de comunhão com a natureza.
Itaparica, com sua beleza ancestral e identidade cultural pulsante, abraça mais uma vez o evento que é muito mais que uma disputa esportiva: é também a reafirmação de corpos diversos — negros, indígenas, mulheres, idosos, jovens — que rompem o silêncio e o esquecimento imposto aos territórios litorâneos da Bahia.
As provas individuais de 7,5 km e coletivas de 15 km em canoas OC6 tomam o mar logo às 8h da manhã, com largadas da Base Náutica. Os percursos desbravam locais sagrados como a Coroa do Limo e a Praia do Forte São Lourenço — áreas marcadas por histórias, tradições e resistência de comunidades costeiras, ribeirinhas e quilombolas.
A canoagem polinésia (Va’a) não é apenas esporte. É herança viva da navegação ancestral dos povos do Pacífico. Ao serem acolhidas no Brasil, especialmente na Bahia, essas práticas encontram eco na memória das travessias forçadas dos povos africanos escravizados, que também usaram a água como caminho de fuga, de cura e de liberdade.
Em tempos de apagamento cultural e desvalorização da educação física comunitária, o ITA VA’A mostra que o mar pode ser arena de protagonismo e afirmação, onde o esporte se alia à dignidade, ao respeito intergeracional e à inclusão.
E onde está o poder público nessa travessia?
Enquanto projetos como esse promovem saúde, cultura, turismo consciente e ocupação positiva dos territórios, o investimento ainda é mínimo. Precisamos de políticas públicas que vejam o esporte como ferramenta de transformação, e não apenas como espetáculo de medalhas.
Que o ITA VA’A siga remando contra as marés da desigualdade e inspire novas gerações a abraçar sua identidade, seu corpo, sua origem e seu território com orgulho.
“Quando remamos juntos, a travessia é menos solitária e o destino se torna possível.”
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Essa história também é sua.
Foto: Internet







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