DEUS QUE NOS ACUDA

Rezamos para que tudo volte a ser como “dantes no quartel de Abrantes”, pois éramos felizes e não sabíamos, reclamávamos das incompetências dos governos, das corrupções praticadas pelos mesmos políticos de sempre, dos escândalos em estatais, dos desvios de verbas públicas e o escambau.

Tudo isso virou corriqueiro e contumaz no nosso querido Brasil, políticos já conhecidos pelas suas índoles perniciosas, continuavam sendo votados pelos seus eleitores, como se estivessem dizendo esse é o nosso ladrão de estimação, deixe o bichinho continuar roubando.

E assim ia o nosso país, aos trancos e aos barrancos, sem nunca chegar ao fundo do poço, tropeçava, mas não caia, era como na música “escorregar não é cair e um jeito que dá “.

Agora, que saudade daquele tempo em que tudo parecia ir mal, mas era o nosso normal, ninguém mais se assustava nem se indignava com as “escândalos “ semanais, das CPIS, que sempre terminavam em “pizzas”, ninguém ia preso, e os que foram presos e condenados, depois foram descondenados, postos em liberdade e continuam livres e fagueiros, prontos para os próximos delitos, os que criticavam, os que estavam no poder, quando passavam a ser poder, faziam o mesmo que seus antecessores ou as vezes pior, e lá ia o Brasil o “país do futuro”, em busca de um futuro que nunca chegava, mas era divertido, livre para se criticar, caricaturar a quem bem se queria, a imprensa esculachada e irreverente, ninguém era punido por criticar, a esculhambação corria solta, esse era o nosso Brasil do carnaval e do futebol, que as vezes até se dizia como fez Charles De Gaulle “ o Brasil não pode ser levado a sério “, isso era o que ele pensava, mas não era o que nós brasileiros sentíamos, nós amávamos essa nossa “bagunça “, pois éramos livres, para brincar o nosso carnaval e jogar o nosso futebol, trabalhávamos o suficiente para nos manter, dentro das condições e expectativas de cada um, enfim era um lindo país que ninguém queria deixar para trás.

E hoje, depois de alguns anos de desarrumação na ordem democrática, depois de um dos poderes da república, usurpar os direitos dos outros poderes e desequilibrar os princípios basilares da democracia, depois de se permitir que um ministro que não teve um voto sequer da população, dite as regras e subtraia os direitos dos cidadãos,

o Brasil entristeceu, os brasileiros aprenderam a conviver com aquele Brasil de antes, bagunçado, mas livre e feliz, que tinha sempre a esperança de que dias melhores viriam, que a alternância de grupos políticos no comando do país, nos levaria ao Nirvana, assim éramos felizes e não sabíamos.

Nesse momento o que temos em mente é que se não houver uma mudança de rumo, nós deixaremos para trás um país, no qual todos tinham chances iguais, que embora com as desigualdades que existem em todas as sociedades, todos podiam prosperar, mas no cenário que hoje se vislumbra, seremos nivelados por baixo, nos dirão, o que poderemos ou não fazer, deixaremos de ser donos dos nossos narizes, para enfiarmos aonde bem entender, passaremos a ter um dono.

Com a bagunça, nos acostumamos e conseguíamos viver, mas sem liberdade não vai dar pra ser feliz.

Que DEUS mande providências e nos livre desse castigo.

Até breve e um forte abraço

José Cupertino Filho