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Conecta Camaçari: O Transporte Chegou. Mas Cadê a Promessa de Ar e Gratuidade? Ou Era Só Mais Uma Campanha Eleitoral?

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Depois de sete meses de paralisia no transporte público, Camaçari finalmente viu seus ônibus voltarem a circular. O sistema emergencial foi anunciado com pompa, promessas e frases de impacto. Uma frota de 45 veículos – entre ônibus convencionais e micro-ônibus – passou a atender 47 bairros da sede, orla e zona rural. Equipados com ar-condicionado, Wi-Fi e elevador para pessoas com deficiência, os veículos representam, à primeira vista, um avanço.

 

Mas quando o povo é acostumado a migalhas, qualquer migalha parece banquete.

 

O que deveria ser um direito básico virou motivo de celebração, como se a cidade estivesse recebendo um favor. Enquanto se aplaude o retorno do transporte, vale lembrar: quem vive à margem ficou meses caminhando quilômetros, dependendo de caronas, gastando o que não tinha em transportes alternativos.

 

Sim, o sistema emergencial é necessário. Mas a pergunta que ecoa nas ruas e becos dos bairros mais pobres é outra:

 

“Não era para ter ar-condicionado em todos os ônibus? E as passagens, não seriam gratuitas? Ou tudo isso foi só discurso de palanque em ano eleitoral?”

 

Durante a campanha, prometeram céu. Agora, entregam teto baixo – e cobram entrada.

 

A tarifa continua pesada: R$ 5 na sede, R$ 5,30 na Orla 1 e R$ 7 na Orla 2. Para quem ganha um salário mínimo ou depende de transporte para estudar, trabalhar ou buscar atendimento médico, esse valor pesa. E o tal “ar-condicionado” prometido com ênfase ainda está longe de ser uma garantia universal. A acessibilidade foi celebrada — e deve mesmo ser comemorada — mas permanece restrita a um sistema ainda frágil, provisório, e com validade de seis meses.

 

Mais uma vez, o povo pobre é colocado à prova. Precisa agradecer pelo mínimo, sorrir para a câmera, e seguir sua luta silenciosa.

 

“Esse problema de ônibus na cidade já vem de décadas, e nenhum governo nunca conseguiu normalizar. Espero que os bairros mais pobres venham ter direito também a transporte, não só a sede e a orla.”

 

Esse depoimento anônimo, que circula entre moradores, expressa uma verdade coletiva. Não há dignidade onde não há mobilidade plena. Transporte público não é luxo, é pilar de inclusão social.

 

Análise Final

Como colunista e ativista social, é impossível ignorar a desigualdade mascarada por entregas temporárias. O retorno dos ônibus é um passo — mas não pode ser usado para esconder as promessas não cumpridas. O povo não quer mais sobreviver de esperança. Quer viver com direitos.

 

“O que foi promessa nas urnas não pode virar silêncio nas ruas. Que a população continue cobrando — porque dignidade não anda de carona, anda de transporte público acessível, gratuito e permanente.”

 

Compartilhe. Reflita. Fiscalize.

Porque quem anda a pé por abandono, carrega no corpo o peso da injustiça.

 

Foto: Internet

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.

 

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