CHAPADA EM LUTO: QUANDO A FALTA DE PREVENÇÃO TRANSFORMA ESTRADA EM TRAGÉDIA
- Nilson Carvalho
- há 25 minutos
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Por: Nilson Carvalho – Papo de Artista Bahia
A Chapada Diamantina, cartão-postal da Bahia e orgulho do nosso povo, amanheceu coberta de dor. No povoado de Rio Grande, zona rural de Palmeiras, um acidente brutal tirou a vida de quatro pessoas e deixou famílias destruídas, uma comunidade em choque e uma pergunta ecoando entre os moradores: isso poderia ter sido evitado?
Na tarde da última terça-feira (16), um caminhão de uma empresa terceirizada que prestava serviços para a Neoenergia Coelba perdeu o freio ao descer uma ladeira já conhecida pelos moradores pelo histórico de acidentes. O veículo desgovernado atingiu carros, comércios e residências. O resultado foi devastador. Duas das vítimas eram trabalhadores que apenas cumpriam sua jornada. Gente simples, que saiu de casa para trabalhar e não voltou.
O que mais revolta não é apenas a fatalidade, mas o contexto. Moradores afirmam que outros acidentes já ocorreram no mesmo trecho, o que levanta um alerta grave: quando o poder público e as empresas ignoram riscos conhecidos, a tragédia deixa de ser surpresa e passa a ser consequência anunciada.
Notas de pesar foram divulgadas. Governo, prefeitura e empresas se solidarizaram. O atendimento às vítimas foi acionado. Tudo isso é necessário, mas não suficiente. Solidariedade depois da morte não salva vidas. O povo quer saber: onde estava a fiscalização antes? Onde estavam as ações preventivas? Onde está o investimento em segurança viária nas zonas rurais, onde o trabalhador sempre é o mais exposto e o menos protegido?
Quando um caminhão perde o freio, não é apenas uma falha mecânica — é um alerta sobre manutenção, fiscalização, responsabilidade e prioridade. Se medidas simples, como revisão rigorosa de veículos, sinalização adequada e intervenções estruturais na via tivessem sido tomadas, talvez hoje não estivéssemos contando mortos.
A tragédia de Rio Grande escancara uma realidade dura: o progresso não pode atropelar vidas. Energia, serviços e desenvolvimento são importantes, mas nada disso vale mais do que a segurança do povo. Sem prevenção, o custo é alto demais — e sempre pago pelas mesmas famílias.
A Chapada não precisa apenas de homenagens póstumas. Precisa de ações concretas, urgentes e permanentes. Porque cada morte evitável é uma ferida aberta na consciência do Estado.
Quantas tragédias ainda serão necessárias para que a prevenção vire prioridade?
Compartilhe, comente e cobre: vidas não podem continuar sendo o preço do descaso.
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