“Caiçaras se levantam: a voz dos guardiões do mangue contra o silêncio das decisões de gabinete”
- Nilson Carvalho

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Por: Nilson Carvalho – Papo de Artista Bahia
Nas águas calmas de Mangaratiba, o que antes era apenas o vai e vem das marés agora se mistura ao murmúrio da resistência.
A Prefeitura apresentou a proposta de criação do Parque Municipal do Mangue de Itacuruçá e da Gamboa, uma unidade de conservação que promete proteger o meio ambiente — mas que também pode ameaçar o modo de vida dos caiçaras, que há gerações sobrevivem da pesca artesanal, da coleta de mariscos e da relação sagrada com o mangue.
O anúncio acendeu um alerta entre as comunidades tradicionais: preservar sim, mas sem expulsar quem cuida!
Essas famílias não são invasoras — são guardiãs da natureza, parte viva do ecossistema que o poder público agora tenta “preservar” sem ouvi-las.
Diante disso, os caiçaras começaram a se mobilizar. Estão estudando, se organizando e exigindo voz e respeito nas decisões. Querem um modelo de conservação que proteja o mangue sem destruir a cultura e a dignidade de quem vive dele.
O Instituto Permamar, com sede em Mangaratiba, está à frente dessa luta. A presidente da instituição, Thaís Taiguara Marinho, resume o sentimento coletivo:
“Nosso papel é ajudar a construir pontes. Queremos fortalecer o diálogo entre poder público, comunidades e parceiros técnicos para que o modelo de conservação reconheça quem vive e cuida do território.”
O movimento, apoiado pela Rede pela Biorregião Costa Verde, pretende apresentar uma proposta alternativa baseada em leis que garantem o direito das populações tradicionais à consulta prévia e informada, como a Convenção 169 da OIT e o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação).
Mais do que uma disputa ambiental, essa é uma luta por pertencimento, memória e sobrevivência cultural.
Porque defender o mangue também é defender as mãos calejadas que pescam, as vozes que cantam, os saberes que resistem ao tempo e à maré.
Que essa história sirva de despertamento para o Brasil inteiro:
Preservar a natureza é justo — mas excluir quem vive dela é inaceitável!
Compartilhe, reflita e faça essa voz ecoar pelos mangues do nosso país.
Fotos: Correspondente do Papo de Artista Bahia – Jornalista Thais Marinho








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