Cais das Artes: Vitória ergue um templo para a cultura. E Camaçari, vai esperar até quando?
- Nilson Carvalho

- 10 de jul.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho — Jornalista, Artista Plástico e Embaixador dos Direitos Humanos
Após 15 anos de espera, paralisações, abandono e resgate judicial, o Espírito Santo finalmente verá nascer, em dezembro deste ano, seu maior equipamento cultural: o Cais das Artes. Mais que uma obra arquitetônica imponente às margens da baía de Vitória, o espaço é um símbolo de resistência da arte diante da negligência histórica do poder público.
Com projeto assinado pelo renomado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, o complexo abrigará um museu com cinco salas expositivas, biblioteca, café, auditório, restaurante panorâmico, livrarias, áreas de lazer e um teatro com capacidade para 1.250 pessoas. Um espaço vivo, aberto, democrático — do povo e para o povo.
Um marco que celebra a arte, mas denuncia a ausência dela em muitos lugares
A construção do Cais das Artes atravessou três governos estaduais, enfrentou abandono, escassez de verba, licitações fracassadas e até o silêncio cruel de quase uma década de obras paradas. Ainda assim, venceu. O que vemos agora não é só um museu: é um ato de resistência da cultura.
E isso nos obriga a fazer uma pergunta dolorosa, mas necessária:
Será que um dia Camaçari terá um museu de artes?
Uma cidade rica em talentos, com artistas plásticos, escritores, músicos e pensadores, mas carente de espaços formais que acolham, celebrem e eternizem sua produção cultural. Em Camaçari, o que sobra é potência artística, mas falta compromisso público.
Quantas obras de artistas locais estão escondidas em gavetas? Quantos jovens geniais desistem da arte porque não têm onde expor, aprender, crescer? Quantas vezes o talento é silenciado porque não há investimento em espaços permanentes de cultura?
O Cais das Artes custou R$ 315 milhões. Um valor alto, sim — mas quanto custa a ausência de arte em uma cidade? Quanto custa uma juventude sem acesso à beleza, à reflexão, ao conhecimento e à sensibilidade que só a cultura oferece?
Museus são mais que prédios — são santuários da memória e da liberdade
Um museu não é apenas um local de paredes brancas e obras penduradas. É um espaço que guarda a alma de um povo, preserva histórias, provoca pensamento e rompe o silêncio imposto pela desigualdade cultural.
Salvador tem museus. Vitória terá o seu grande Cais das Artes. E Camaçari? Quantas gerações ainda vão esperar para ter um espaço à altura de sua riqueza criativa?
Reflexão final
O Cais das Artes é uma vitória que emociona. Mas também é um espelho. Que ele reflita em nós o desejo de fazer mais pela cultura em cada canto do Brasil.
Leia, compartilhe e reflita: Essa matéria e para que ama a cultura.
Até quando vamos celebrar museus distantes e ignorar o vazio cultural ao nosso redor? Camaçari também merece um museu de artes.
Foto: Internet







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