Cachoeira: Quando o Recôncavo Vira Capital e a História Veste o Povo de Orgulho
- Dimas Carvalho

- 25 de jun.
- 2 min de leitura

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.
No coração do Recôncavo Baiano, às margens do rio Paraguaçu, pulsa uma cidade onde a memória não adormece. Hoje, 25 de junho, Cachoeira não é apenas município — é capital simbólica da Bahia, palco de uma das páginas mais valentes e esquecidas da luta pela Independência do Brasil. Uma cidade que, por lei estadual desde 2007, assume por um dia o comando do estado, devolvendo ao seu povo o protagonismo histórico que resistiu ao tempo e ao esquecimento.
Mais do que um ato cívico, um reparo histórico
A transferência da sede do governo estadual não é mero simbolismo. É uma reparação. Em 25 de junho de 1822, enquanto as elites hesitavam, o povo cachoeirano proclamava Dom Pedro regente constitucional, dando início a uma luta real, armada, popular — de mulheres, negros, caboclos e trabalhadores — contra a dominação portuguesa. Foi em Cachoeira que o grito da Independência ecoou antes mesmo de ser proclamado no Ipiranga.
A resistência negra, feminina e popular como raiz da liberdade
Ali, cada passo é memória. A Levada do Caboclo, o Encontro dos Caboclos, os mastros erguidos com suor e devoção... Tudo isso não é folclore, é resistência em movimento. É memória viva que afirma que a Independência da Bahia — diferentemente da do Sudeste — teve corpo negro, mão calejada e fé ancestral. É um capítulo em que o povo nordestino foi autor da própria liberdade, e não apenas figurante na história oficial.
Cachoeira nos lembra que cultura também é luta
Enquanto o mundo se acelera e as cidades perdem suas identidades em nome do progresso pasteurizado, Cachoeira ensina que preservar a memória é também proteger os direitos humanos. É defender o direito ao pertencimento, à ancestralidade, à verdade que não cabe nos livros de história rasos e colonizados.
A presença do governador Jerônimo Rodrigues e de autoridades estaduais neste dia é importante — mas o mais urgente é que o Brasil compreenda que a luta da Independência começou no Norte e no Recôncavo, não no Sul. E que essa verdade precisa ser ensinada nas escolas, contada nas mídias, e reconhecida em políticas públicas que valorizem a cultura, a história e a resistência do povo baiano.
"Quando um povo se lembra, ele nunca mais se cala. Que todos saibam: a Independência do Brasil começou onde o povo decidiu ser livre — em Cachoeira."
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Recôncavo, terra de muitas histórias. E histórias de nossa Capoeira. Terra que já pisamos com muito gosto e o anfitrião Mestre Zé Dário, do Grupo Quilombo, tão bem nos recebeu.
Terra de Besouro e tantas e muitas histórias...que boas e agradáveis lembranças.