top of page

“BONECAS QUE QUEBRAM O SILÊNCIO: A REVOLUÇÃO NEGRA QUE ESTÁ TRANSFORMANDO SALAS DE AULA NA BAHIA”

ree

Por: Nilson Carvalho – Papo de Artista Bahia

 

Quando uma criança não se enxerga no brinquedo que segura, na história que escuta ou no livro que lê, nasce um vazio que o tempo não apaga. É o tipo de ferida silenciosa que a sociedade insiste em naturalizar.


Mas agora, um projeto ousado, emocionante e profundamente necessário está mostrando que representatividade não é luxo: é sobrevivência, identidade e libertação.

 

É assim que surge o Projeto Bonecas Negras, uma iniciativa que vai muito além de confeccionar brinquedos — ele devolve às meninas e mulheres negras o direito de existir, de serem vistas e celebradas. Um gesto simples, mas carregado de potência, capaz de mudar a forma como crianças aprendem, se enxergam e se reconhecem no mundo.

 

De boneca a símbolo de resistência

 

O projeto reúne quase 40 nomes de mulheres negras que fizeram — e ainda fazem — história, mas que o sistema tentou calar:


Tereza de Benguela, Jaqueline Góes, Beatriz Souza, Luislinda Valois, Grada Kilomba, Chiquinha Gonzaga, Rebeca Andrade…


Uma verdadeira constelação de ancestralidade, força e genialidade.

 

Idealizado pela historiadora e educadora Daniela Torres, o projeto nasceu de uma inquietação profunda:

 

“As crianças negras estavam crescendo sem se ver representadas. As mulheres negras não faziam parte das narrativas oficiais”, conta Daniela.

 

E foi dessa dor coletiva que ela decidiu transformar a História em ferramenta de cura.

 

 Criadas pelos alunos, guiadas pela ancestralidade

 

Os alunos do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Villa Global Education mergulharam numa jornada de pesquisa, criação e sensibilidade.


Eles estudaram a vida dessas mulheres, seus cabelos, traços, pele, expressões e até a realidade histórica de cada época — dos séculos 18 e 19 até os dias de hoje.

 

A cada boneca criada, não nascia apenas um brinquedo…


Nascia uma biografia em 3D, viva, tocável, que rompe com a ditadura da beleza e com o racismo estrutural que sufoca gerações.

 

Depois de prontas, elas são expostas na mostra “Mulheres Excluídas das Narrativas da História”, aberta ao público.


E em dezembro, seguem para seu destino mais lindo: escolas quilombolas da Rota da Liberdade, em Cachoeira.

 

Lá, serão ferramentas pedagógicas nas mãos de professores que ensinarão não só História, mas também autoestima racial.

 

Muito mais que doação — é reparação

 

Daniela deixa claro:

 

“Isso não é caridade. A boneca é um livro 3D que conta a história de uma mulher negra.”

 

O projeto inclui intercâmbio:


➡️ alunos do Villa aprendem a realidade dos quilombos

➡️ educadoras quilombolas recebem as bonecas e ensinam sua história, seu território e sua cultura

 

É troca.

É empatia.

É Brasil real olhando no olho.

 

Uma revolução que não para mais

 

Todos os anos, novas mulheres são escolhidas.

Porque ainda existem muitas histórias apagadas.

E cada boneca criada é uma resposta firme ao racismo que tentou silenciar essas vozes.

 

Este projeto não entrega apenas bonecas.


Ele entrega dignidade.

Ele entrega memória.

Ele entrega futuro.

 

“Se a escola não mostra quem somos, nós mostramos. Compartilhe essa luta!”

 

Foto: Internet


Comentários


  • Youtube
  • Instagram
  • Facebook

©2025 Papo de Artista Bahia - Todos os direitos autorais reservados.​

(71) 98682-7199
bottom of page