BIA FERREIRA: A LUTA QUE VAI ALÉM DO RINGUE
- Nilson Carvalho

- 8 de jun
- 2 min de leitura

Em um cenário muitas vezes dominado por estereótipos, silêncio e falta de investimento, Beatriz Ferreira não é apenas uma campeã mundial de boxe. Ela é símbolo de resistência, representatividade e orgulho nacional. Neste sábado (7), em Orlando, nos Estados Unidos, Bia mais uma vez escreveu seu nome na história ao defender com sucesso, pela segunda vez, o cinturão mundial da Federação Internacional de Boxe (IBF), vencendo a argentina Maria Ferreyra por decisão unânime.
Mas essa vitória vai além do resultado técnico. Vai além do ringue. Ela grita por todas as meninas que um dia ouviram que “isso não é coisa de mulher”. Por todas as atletas brasileiras que treinam com menos estrutura, menos patrocínio, menos visibilidade — mas nunca com menos coragem.
Uma luta técnica. Uma vitória simbólica.
Do primeiro ao décimo round, Bia demonstrou domínio, técnica, estratégia e coração. Cada esquiva, cada uppercut, cada mudança de base era também uma resposta a anos de desigualdade de gênero no esporte. A cada golpe encaixado, ela dizia: “nós podemos estar aqui — e vamos vencer”.
Não foi só Maria Ferreyra quem sentiu o peso das luvas de Bia. Foi o mundo que sentiu o peso de uma mulher preta, nordestina e brasileira, lutando com inteligência, força e dignidade.
Muito mais que cinturão: é a afirmação de identidade
Bia enfrentou não apenas uma adversária argentina provocadora — enfrentou o histórico de preconceito que mulheres no boxe enfrentam diariamente. Enfrentou a invisibilidade que tantas campeãs enfrentam quando não há holofotes ou transmissões em horário nobre.
Ela calçou luvas com as cores do Brasil. Mas mais do que representar o país, ela representou o povo que nunca teve tudo fácil, mas nunca desistiu. Com as mãos, ela luta. Com a alma, ela inspira.
O esporte precisa de mais Bias. O mundo também.
Em um país onde atletas femininas ainda ganham menos, aparecem menos e enfrentam mais, o exemplo de Bia é um farol. Ela mostra que o talento precisa de voz, que a garra precisa de palco, que o esporte precisa, urgentemente, de igualdade.
Porque quando uma mulher como Bia sobe ao ringue, ela leva consigo todas as que ainda não puderam.
"O ringue é dela. Mas a vitória é de todas nós."
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Foto: Internet
Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos







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