Abrolhos em Risco: O Berço da Vida Marinha Clama por Proteção
- Dimas Carvalho

- 5 de jul.
- 2 min de leitura

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.
Em meio às águas azuis do extremo sul da Bahia, onde a vida pulsa em sua forma mais exuberante, um alerta ecoa com urgência: a biodiversidade da região de Abrolhos está sob séria ameaça. Um estudo robusto, assinado por 13 cientistas brasileiros e publicado pela renomada Ocean and Coastal Research da USP, revela uma realidade alarmante — quatro dos dez habitats marinhos estudados estão praticamente desprotegidos. E o que está em jogo não é apenas a beleza natural, mas o equilíbrio de todo o Atlântico Sul.
Abrolhos não é apenas um ponto turístico. É o lar da maior biodiversidade marinha do hemisfério sul, dos maiores recifes de coral da costa brasileira e da maior concentração de baleias jubarte da América do Sul. Estamos falando de um verdadeiro santuário da vida marinha — um patrimônio natural do Brasil e do planeta.
O estudo, apoiado por instituições sérias como o Instituto Baleia Jubarte e a Conservação Internacional (CI-Brasil), foi conduzido com base em análises rigorosas de habitats, espécies e áreas de ocorrência. O resultado: 134 espécies estão ameaçadas — incluindo peixes, tartarugas, aves e cetáceos. Muitas delas são únicas dessa região e simplesmente desapareceriam se continuarmos omissos.
Especialistas como o pesquisador Guilherme Fraga Dutra, da UERJ, foram enfáticos: a responsabilidade é do poder público, em todas as esferas, e exige ação imediata. É preciso ampliar a rede de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs), especialmente nos pontos críticos mapeados: buracas, recifes profundos, rodolitos e quebra da plataforma continental. Vale lembrar que 96% da área de bancos de rodolitos está hoje fora de qualquer tipo de proteção.
Além disso, essa é uma questão de soberania ambiental e compromisso internacional. O Brasil é signatário da Meta 30x30 da ONU, que prevê a proteção de 30% dos ecossistemas globais até 2030. No entanto, como proteger o que nem sequer está incluído nos mapas de preservação?
A negligência diante dessa realidade não é apenas uma falha política — é um crime ecológico silencioso. Estamos ignorando não só a ciência, mas a responsabilidade com as futuras gerações e com os povos tradicionais que vivem da e com a natureza marinha.
“Quando os mares silenciam, não é por ausência de vida — é por falta de escuta. Até quando vamos virar as costas para aquilo que nos sustenta?”
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Foto: Internet







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