Tragédia em Correnteza: Quando a Água Leva Vidas e Deixa um País em Oração
- Nilson Carvalho

- 6 de jul.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Ambientalista e Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura
Uma enchente repentina, brutal e silenciosa arrastou sonhos, memórias e vidas na madrugada desta sexta-feira (4), no Texas, Estados Unidos. O Rio Guadalupe, símbolo da paz campestre do sul americano, subiu sete metros em menos de uma hora, ceifando a vida de pelo menos 24 pessoas e deixando 23 meninas desaparecidas em um acampamento cristão que virou cenário de desespero e destruição.
O Camp Mystic, fundado em 1926, era um espaço de fé, amizade e formação. Mas em questão de minutos, virou um campo de ruínas. As fortes chuvas ultrapassaram todos os alertas meteorológicos. Cabines foram submersas, árvores arrancadas, casas levadas como folhas pela correnteza. As menores dormiam nas áreas mais próximas ao rio — e foram justamente as primeiras a serem engolidas pela água.
Famílias em agonia se aglomeram em uma escola improvisada como ponto de encontro. Enquanto helicópteros cortam os céus e drones vasculham a lama, mães como Elizabeth Lester, que reencontrou seus filhos com vida, convivem com a dor da incerteza alheia: “Saber que outras mães ainda esperam está me destruindo por dentro.”
Essa não é a primeira vez. Em 1987, dez adolescentes morreram em um acampamento cristão próximo, levados pela correnteza ao tentar escapar em um ônibus. Tragédias como essas se repetem, e ainda assim, a prevenção segue negligenciada — seja por questões climáticas, por má gestão de risco ou, mais frequentemente, por um descaso estrutural com vidas que são vistas como estatística, e não como rostos e histórias.
A região onde tudo aconteceu é conhecida como “corredor de enchentes”, com solo incapaz de absorver a água. Os riscos são conhecidos. As tragédias, anunciadas. O que falta, então?
Falta enxergar que por trás de cada número está uma cadeira vazia na mesa do café da manhã. Um quarto que não será mais arrumado. Uma cabana que, mesmo reconstruída, nunca mais será a mesma.
Essa tragédia é um alerta global — sobre as mudanças climáticas, sobre a urgência da gestão de risco, sobre o valor da vida. Porque a água que sobe rápido é a mesma que arrasta futuros inteiros. E o mundo não pode mais assistir de longe e em silêncio.
Porque se até um acampamento de crianças vira cemitério...
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Foto: Internet







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