Sonho nas Alturas: A Profissão Que Paga R$ 30 Mil, Mas Continua Fora do Alcance do Povo Baiano
- Nilson Carvalho
- há 15 horas
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Por: Jornalista Nilson Carvalho. Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura – Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
Viajar o mundo, comandar um avião e ainda receber um salário que chega a R$ 30 mil por mês. Parece o enredo de um sonho, mas é a realidade da profissão de piloto de avião, uma das mais cobiçadas e, ao mesmo tempo, uma das menos acessíveis ao povo comum.
Na Bahia, uma escola de aviação localizada em Salvador forma cerca de 400 pilotos por ano, mas o número ainda é pequeno diante da demanda crescente no setor. De acordo com a fabricante Boeing, até 2044 o mundo vai precisar de 660 mil novos pilotos, sendo 137 mil só na América Latina. E a Bahia, que desponta como polo turístico e aéreo do Nordeste, poderia ser uma potência na formação desses profissionais — se o alto custo da capacitação não fosse um obstáculo quase intransponível.
O sonho que custa caro
Para se tornar piloto comercial, o investimento mínimo ultrapassa R$ 100 mil. Só o curso inicial, de piloto privado, exige 40 horas de voo, a R$ 750 cada — um total de R$ 30 mil, sem contar as taxas, uniformes e material teórico. Depois disso, o aluno precisa acumular mais 110 horas de voo comercial, com custo médio de R$ 850 por hora.
É um investimento que poucos podem bancar. E, por isso, a maioria dos baianos que sonha em pilotar precisa desistir ou buscar oportunidades em outros estados, onde o preço é mais acessível.
“Os altos custos afastam os pretendentes. O sonho existe, mas o bolso não acompanha”, afirma o piloto Felipe Tiburtius, diretor da escola Falcon, em Salvador.
Demanda cresce, oportunidades não
A boa notícia é que o mercado de aviação está aquecido. A Gol anunciou que vai contratar 30 copilotos por mês até o fim de 2025, e a Boeing bateu recorde de entregas de aeronaves. Além disso, o Governo da Bahia anunciou 3,7 mil voos extras para o verão 2025/2026 — um movimento que impulsiona o turismo e abre espaço para novos profissionais.
Mas o problema é que a formação de pilotos ainda é privilégio de poucos.
O piloto Carlos Bayer, que atua desde 1997, explica: “Muitos baianos precisam ir para outros estados, como São Paulo ou Minas, onde as horas de voo são mais baratas. A falta de concorrência aqui torna o sonho inacessível”.
Um olhar social: o céu também precisa de igualdade
Enquanto o turismo cresce e os aviões lotam os céus da Bahia, o acesso à profissão continua limitado a quem pode pagar caro. E isso acende um alerta sobre a desigualdade de oportunidades.
Como ativista social, não dá pra fechar os olhos: o mesmo Estado que investe bilhões em infraestrutura turística precisa também investir nas pessoas.
Criar programas de incentivo, bolsas de estudo e financiamentos populares para formação de pilotos seria um passo importante não apenas para gerar empregos, mas para garantir diversidade e representatividade no comando das aeronaves.
O céu não pode ser um espaço reservado aos ricos.
O céu precisa ser de todos os brasileiros, inclusive dos jovens baianos que sonham em voar alto, mas que hoje mal conseguem pagar o ônibus até o aeroporto.
“Enquanto o sonho de voar continuar sendo privilégio de poucos, o Brasil seguirá com os pés presos ao chão.”
E você, o que acha?
A profissão dos sonhos deveria ser também um direito acessível?
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Foto: Internet