Saúde vocal e auditiva durante o São João: especialistas alertam para os cuidados no período festivo e frio
- Sílvio César Tudelar
- 16 de jun.
- 3 min de leitura

Com a chegada das festas juninas e a queda nas temperaturas, aumentam os riscos para a saúde vocal e auditiva. Saiba como aproveitar o período sem prejudicar sua voz e sua audição
A fonoaudióloga Carolina Pamponet alerta para os cuidados com a voz (Acervo pessoal)
As festas de São João são sinônimo de alegria, música alta, fogueiras, comidas típicas e muito forró. No entanto, esse clima animado pode esconder riscos importantes para a saúde da voz e da audição — especialmente porque os festejos coincidem com o início do inverno na maior parte do Brasil. Segundo a fonoaudióloga Carolina Pamponet, especialista em voz falada e cantada e preparadora vocal de cantores de alta performance há mais de 20 anos, os cuidados devem ser redobrados durante esse período. “O frio provoca um ressecamento natural das vias aéreas, o que afeta diretamente as pregas vocais. Quando somamos isso ao uso excessivo da voz em ambientes ruidosos, como festas juninas, o risco de lesões aumenta consideravelmente”, alerta.
Além do frio, fatores como fumaça das fogueiras, consumo de bebidas alcoólicas e o esforço para falar em meio à música alta também são vilões. “A fumaça resseca as mucosas da laringe, e o álcool reduz a sensibilidade do sistema auditivo e vocal, tornando mais difícil perceber sinais de fadiga ou irritação”, explica Carolina. Entre os principais riscos no São João destacam-se a disfonia (alteração na qualidade da voz), o aparecimento de nódulos vocais por esforço repetitivo, a irritação laríngea causada pela fumaça e clima seco e a afonia temporária (falta de voz).
A Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) recomenda manter a hidratação constante, evitar falar alto por longos períodos e fazer pausas vocais durante os eventos. “A água é uma aliada indispensável. Em ambientes com ar seco ou muita fumaça, a hidratação precisa ser constante para manter a lubrificação das pregas vocais”, complementa a fonoaudióloga.
E os ouvidos? Atenção ao excesso de ruído
O som alto, característico das festas juninas, pode prejudicar a audição — especialmente em shows e ambientes com caixas de som potentes. “A exposição prolongada a volumes acima de 85 decibéis já é considerada prejudicial. Muitas festas facilmente ultrapassam essa marca”, destaca Carolina Pamponet. Segundo a especialista, entre os sintomas iniciais de danos auditivos estão o zumbido nos ouvidos, a sensação de ouvido tampado, a dificuldade de compreensão da fala e a irritação com sons intensos. A recomendação dos especialistas é simples: evite ficar próximo às caixas de som, faça pausas auditivas em locais mais silenciosos e, se possível, utilize protetores auriculares em ambientes muito barulhentos.
Dicas práticas para curtir o São João com saúde vocal e auditiva:
· Hidrate-se constantemente – prefira água em temperatura ambiente.
· Evite gritar ou falar sobre música alta – aproxime-se da pessoa para conversar.
· Reduza o consumo de álcool e cafeína – ambos ressecam as pregas vocais.
· Fuja da fumaça das fogueiras – mantenha-se afastado sempre que possível.
· Dê pausas à sua voz – especialmente se for animador ou cantor.
· Proteja seus ouvidos – use protetores auriculares e controle o tempo de exposição ao som.
“São cuidados simples, mas que fazem toda a diferença. A saúde vocal e auditiva é essencial não só para profissionais da voz, mas para todos que desejam aproveitar as festas com qualidade e bem-estar”, finaliza Carolina Pamponet.
Carolina Pamponet - Graduada em Fonoaudiologia e especialista em Audiologia Clínica e Ocupacional com enfoque na saúde do trabalhador e em distúrbios da voz falada e cantada e comunicação humana, Carolina Pamponet atua com cantores de alta performance vocal há mais de 20 anos. Sua experiência profissional lhe permite intervir em problemas da aprendizagem, desordens motoras da fala e motricidade orofacial, nas alterações respiratórias e traumas da face, entre outras patologias, e neuromodulação transcraniana. É diretora da Fonoclin, primeira clínica especializada de Fonoaudiologia em Feira de Santana (BA), e atualmente integra o corpo clínico da Otorrino Center, na capital baiana.
Foto: Assessoria de Impressa
Por: Sílvio César Tudelar







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