Salvador sob alerta: não é só a chuva que cai — é o reflexo do abandono climático urbano
- Nilson Carvalho

- 11 de jul
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Ativista Social e Embaixador dos Direitos Humanos
Mais um fim de semana começa em Salvador sob céu nublado, ventos moderados e previsão de chuva fraca a moderada, segundo a Defesa Civil (Codesal). De sexta (11) a domingo (13), a capital baiana enfrentará até 80% de chances de precipitação, com temperaturas variando entre 20ºC e 29ºC e índice UV classificado como muito alto.
Mas a pergunta que não quer calar não é “vai chover?”. É: como nossa cidade tem enfrentado (ou ignorado) os efeitos dessas mudanças climáticas frequentes sobre a vida dos mais vulneráveis?
A cada pancada de chuva, uma tragédia anunciada
Para muitos moradores de bairros periféricos, chuvas em Salvador não significam apenas céu cinzento ou dias frescos — significam ameaça, perda, insegurança. Com moradias precárias, encostas instáveis, sistema de drenagem deficiente e pouca presença do poder público, qualquer previsão de chuva se transforma em alerta silencioso de tragédia.
São casas alagadas, deslizamentos de terra, muros que desabam, móveis destruídos e vidas reviradas. A cidade que parece bela nas propagandas turísticas, torna-se cruel para quem vive nas regiões esquecidas pelos gestores.
Quando o tempo ameaça e o descaso castiga
O aviso da Codesal informa, com precisão técnica, que teremos dias com ventos de até 35 km/h e alta radiação solar. Mas nada diz sobre a ausência de políticas públicas estruturantes para enfrentar a crise climática urbana, que já bate à porta dos soteropolitanos todos os meses — especialmente nos bairros populares.
Não há investimento suficiente em moradia digna, saneamento básico ou reflorestamento urbano. Os mais pobres continuam enfrentando sozinhos o peso das águas e do abandono.
Chuva para uns, risco de vida para outros
Enquanto uns se preparam com capas de chuva e guarda-chuvas, outros se protegem com lona plástica e oração. A desigualdade se revela até na forma como enfrentamos o clima.
A meteorologia nos avisa com números. A realidade grita com nomes, rostos e famílias inteiras à beira do colapso toda vez que o céu escurece.
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Previsão do tempo é ciência. Prevenção e justiça social é obrigação. Que não chova mais vergonha sobre uma cidade que fecha os olhos para quem vive abaixo das nuvens — e muito abaixo da dignidade.
Foto: Internet







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