“Saúde não pode esperar”: População de Vila de Abrantes sofre com retirada de especialistas da UBS
- Dimas Carvalho
- 30 de mai.
- 2 min de leitura

Na contramão da promessa de cuidar das pessoas, moradores de Vila de Abrantes, distrito de Camaçari, se veem novamente esquecidos pelo poder público. Uma decisão da atual gestão municipal determinou a retirada de médicos especialistas da Unidade Básica de Saúde (UBS) local, transformando o que era um modelo misto de atendimento – que unia atenção básica e serviços especializados – em uma estrutura mais enxuta e, para muitos, insuficiente.
A justificativa da Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde (SESAU), é a expansão do número de equipes da Unidade de Saúde da Família (USF), estratégia que permitiria maior repasse de verbas federais. No entanto, essa ampliação cobra um preço alto: para abrir espaço físico às novas equipes, profissionais como ginecologistas e pediatras estão sendo retirados da unidade.
Na prática, isso significa que mães, crianças, gestantes e idosos de Vila de Abrantes terão que se deslocar até o Multicentro de Guarajuba, no distrito de Monte Gordo, para obter atendimento especializado – um percurso que custa cerca de R$ 25,00 por dia para ida e volta. Para uma comunidade que depende majoritariamente do SUS, esse valor é impeditivo. O que era direito, agora se torna luxo.
Áudios vazados de um grupo interno da equipe de saúde indicam que a decisão teria respaldo em planejamentos da gestão anterior. Porém, uma ex-funcionária da própria SESAU refuta essa versão. Segundo ela, o ex-prefeito Elinaldo Araújo teria assegurado a permanência dos especialistas até a construção da policlínica em Abrantes – que sequer foi iniciada.
Lideranças comunitárias denunciam a falta de diálogo e transparência. A população alega não ter sido consultada ou sequer informada de forma clara sobre a retirada dos especialistas. Em um momento em que a saúde deveria ser prioridade, as decisões administrativas parecem caminhar em outra direção: a da burocracia, do distanciamento e da frieza dos números.
Mais do que uma simples reorganização, a medida evidencia um descaso. Enquanto se busca bater metas técnicas para aumentar repasses financeiros, o acesso real à saúde, aquele que garante dignidade às famílias, é diminuído.
A Redação segue aguardando um posicionamento oficial da Secretaria de Saúde de Camaçari.
"Quem sente na pele, sabe: saúde não é custo, é cuidado. E o cuidado não pode ser retirado de quem mais precisa."
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Foto: Internet
Por: Dimas Carvalho – Escritor, Palestrante e Ativista Social.
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