
No auge, traficante controlou 90% do comércio de entorpecentes
Um Chevrolet Vectra forçava ao máximo o motor 2.0, chegando a 160 km/h na Linha Verde, para escapar de dois Ford Fiesta com giroflex berrando. No volante, Raimundo Alves de Souza, mais conhecido como Ravengar, descobriu da pior forma que seu grande talento era traficar drogas, não ser piloto de fuga.
Ele até tentou escapar da polícia desviando para Monte Gordo, distrito de Camaçari, mas a manobra mostrou-se equivocada. As estreitas ruas da vila obrigaram-no a reduzir a velocidade, a possibilitar que a viatura emparelhasse com o sedã, deixando o fugitivo na mira do policial, que não hesitou em
Aquele tiro de .40, disparado em 16 de fevereiro de 2004, atingiu o tórax de Ravengar, que foi preso em seguida e levado ao hospital; aquele tiro de .40 deu fim ao maior império de drogas que a Bahia já viu; aquele tiro de .40 iniciou a disputa pelo controle do tráfico em Salvador que dura até hoje.
Início de tudo
Se hoje a Praça da Sé e o Centro Administrativo da Bahia (CAB) monopolizam a administração em Salvador, entre os anos 80 e 2000 um terceiro endereço emergiu como polo de poder: o Morro do Águia, no Retiro. Lá ficava o bunker que servia como centro de operações de Ravengar.
Maior traficante da história da Bahia, ele dominou o comércio de cocaína na capital. No auge da fama, chegou a controlar 90% do mercado em Salvador. No anonimato, ele era só mais um entre os muitos taxistas da cidade disputando passageiros.
Nos anos 70, Raimundão, cria da Liberdade, fixou seu ponto no Pelourinho. Rodando pelas ruas do Centro Histórico, ele se aproximou de turistas, artistas, intelectuais, jornalistas e boêmios. Passageiros que, vez ou outra, desabafavam durante as corridas sobre a dificuldade de comprar drogas de maneira segura e prática em Salvador. O taxista viu ali uma oportunidade.
Fez amizade com traficantes e passou a vender narcóticos aos passageiros e o carro para fazer delivery à clientela VIP, incluindo famosos cantores e políticos.
Após entender o mercado, percebeu que a melhor forma para lucrar mais era comprar a droga no atacado com os grandes distribuidores e vender no varejo para os clientes grã-finos.
Abandonou a mobilidade do táxi e fincou raízes no Morro do Águia. O local era estratégico: próximo da BR-324, facilitando a chegada dos entorpecentes que, quase sempre, vinham de Feira de Santana. Além disso, tinha a Barros Reis ali do ladinho para escoar o produto para o Centro da cidade.
Pablo Escobar baiano
No Morro da Águia, Raimundão logo conseguiu o apoio da população adotando táticas similares às de Pablo Escobar em Medellín, na Colômbia. Distribuía dinheiro para a população, ajudava na compra de gás e comida, fazia obras na região e fazia festas com cerveja liberada.
O traficante também prestava atenção na juventude, dando 'emprego' aos adolescentes e jovens. Os mais acanhados ocupavam funções como fogueteiro (aquele que avisa quando a polícia se aproxima) e aviãozinho (o que vende a droga), enquanto os 'corajosos' recebiam armas para defender o território e 'cobrar' os viciados caloteiros.
Em um lugar onde o poder público virava as costas, ele virou liderança. Dava migalhas travestidas de caridade à população e, em troca, recebia proteção, transformando-se em quase incapturável pela polícia, mesmo circulando tranquilamente pelas ruas.
Reportagem completa no link abaixo:
Por Gabriel Moura
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