Quando o Mundo Reconhece, Mas a Terra Natal Silencia

Por: Malu Araújo / tvbahia3

A Galeria Nilson Carvalho, a primeira galeria de arte de Camaçari, recebeu uma visita que honra não apenas a arte, mas a identidade cultural da cidade: italianos ligados a uma TV reconhecida nacional e internacionalmente, hospedados na Praia do Forte, que fizeram questão de conhecer de perto o trabalho do renomado artista plástico Nilson Carvalho, um nome respeitado no Brasil e no mundo.

Diante desse momento histórico, eu, Malu Araújo, mulher negra, crítica de arte, jornalista da TVBahia3, não poderia deixar essa oportunidade passar. Não se trata apenas de uma visita internacional. Trata-se de reconhecimento global para um artista que há mais de duas décadas transforma arte em resistência, cultura em inclusão social e talento em legado.

Nilson Carvalho não é apenas um artista. É um construtor de memória, o único a criar um acervo que exalta a cidade com profundidade e amor, intitulado “As Sete Maravilhas da Costa de Camaçari”. É o homem que pintou Irmã Dulce, em uma obra que se tornou referência. Um artista entre os melhores do país. Um jornalista que se consolidou como voz respeitada e admirada pela imprensa baiana. Um cidadão com um trabalho social ininterrupto há mais de 20 anos.

E ainda assim, a pergunta ecoa, dolorosa e necessária:

O que mais ele precisa fazer para ser reconhecido pela cidade que escolheu para viver?

Quando o reconhecimento vem de fora, é celebrado. Quando nasce dentro de casa, é silenciado. Não é falta de talento. Não é falta de entrega. É a velha política que insiste em fechar os olhos para quem constrói com verdade, ética e amor ao povo.

Camaçari é rica em cultura, turismo e história. E Nilson Carvalho é parte viva dessa riqueza. Ignorá-lo é ignorar a própria identidade da cidade.

Valorizar quem constrói cultura é um ato de justiça. 

Compartilhe, reflita e pergunte: por que tantos só são aplaudidos depois que o mundo os reconhece?

Jornalista: Malu Araújo – tvbahia3