Quando a História nos Encontra: Estudantes Redescobrem a África em Si
- Nilson Carvalho
- 26 de mai.
- 2 min de leitura

"Eu nunca viria aqui... Para ser sincero, nunca tinha ouvido falar." A frase do estudante Cauan David, 17 anos, ecoa como um grito silencioso de tantos jovens negros e periféricos do Brasil, que crescem afastados da própria história, da própria arte, da própria força.
Neste fim de semana, ele e cerca de 70 estudantes da rede estadual, vindos de cidades como Feira de Santana e Lauro de Freitas, tiveram a oportunidade de fazer mais do que uma visita a museus — fizeram uma viagem para dentro de si mesmos.
O Programa Estudantes nos Museus, promovido pelo Governo do Estado da Bahia, abriu portas, elevadores e corações. Foi no elevador Lacerda, nas ruas do Pelourinho, nas paredes do Muncab, nas estátuas e quadros esquecidos pela pressa cotidiana, que esses jovens encontraram rastros da África viva dentro deles.
Ali, diante das cores, dos símbolos, dos nomes e das narrativas ancestrais, muitos viveram pela primeira vez o que é ser visto, representado, valorizado.
Rakelly, aluna do 9º ano, emocionada, resumiu: "Descobri minha identidade e minha força." E é exatamente isso que a educação deveria proporcionar: o despertar de quem sempre foi ensinado a se esquecer.
Enquanto muitos acham que museus são lugares distantes da juventude, esses alunos provaram o contrário: o que falta não é interesse — é acesso, é oportunidade, é investimento em cultura como ponte para o conhecimento e a autoestima.
Numa época em que os livros de história ainda silenciam vozes negras, essa experiência se tornou aula viva, memória restaurada e caminho de volta para casa.
"Quando um jovem negro entra num museu e se reconhece, não é apenas arte — é reparação."
Compartilhe. Alguém precisa se lembrar de onde veio para entender onde pode chegar.
Foto: Internet
Texto: Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos
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