Porto de Salvador Recebe Navios de Guerra: Entre a Curiosidade Popular e a Reflexão Social

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Ativista Social, Embaixador dos Direitos Humanos e Cultural

No próximo 17 de agosto, das 9h às 16h, o Porto de Salvador abre suas portas para receber dois gigantes do mar: a Fragata Independência, da Marinha do Brasil, e a Corveta Espora, da Armada Argentina. A visitação será gratuita, com acesso pelo Terminal Turístico da Contermas, na Avenida da França, no bairro do Comércio.

Para muitos, será uma experiência inédita. Afinal, não é todo dia que o povo pode entrar em embarcações militares, tocar no aço que guarda as fronteiras e compreender, de perto, a estrutura que simboliza a defesa de um país. Esses navios, normalmente vistos apenas à distância, carregam não apenas tecnologia e poder bélico, mas também histórias de missões e responsabilidades que vão muito além dos mares.

A presença das duas embarcações em Salvador integra a 38ª Operação Fraterno, exercício militar conjunto que fortalece os laços de amizade e cooperação entre Brasil e Argentina, ampliando a integração e a capacidade de atuação conjunta das forças navais dos dois países.

A Fragata Independência é um símbolo de multifuncionalidade: defesa aérea, guerra anti-superfície, guerra anti-submarino e patrulha de águas brasileiras. Já a Corveta Espora cumpre o papel de defender a zona econômica exclusiva da Argentina e atuar em cenários de combate naval.

No entanto, diante do fascínio que essas máquinas despertam, cabe uma reflexão: enquanto bilhões são investidos em armamentos e tecnologia militar, ainda temos comunidades inteiras sem acesso a saneamento básico, educação de qualidade e saúde digna. É necessário que o povo aproveite este momento não apenas para conhecer as embarcações, mas também para refletir sobre quais “batalhas” são realmente urgentes no nosso território — a guerra contra a fome, a desigualdade e a exclusão social.

Visitar um navio de guerra é impressionante, mas transformar o Brasil em um lugar onde ninguém precise travar batalhas pela própria sobrevivência é o verdadeiro ato de soberania.

Foto: Internet