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O SOM QUE CALA O POVO: QUANDO O FORRÓ FALA MAIS ALTO QUE A SAÚDE E A EDUCAÇÃO NA BAHIA

No coração do Nordeste, onde o povo dança ao som do forró e o São João pulsa como herança viva, uma realidade dura e silenciada ecoa entre o som das sanfonas e os fogos de artifício: o abandono da saúde, da educação e da dignidade em nome do espetáculo.

 

Com festas milionárias sendo organizadas em municípios baianos como Cruz das Almas, Catu, Pojuca e Conceição do Jacuípe, uma contradição cruel se revela: prefeituras estão gastando mais com shows do que com o básico para garantir a vida e o futuro de seus cidadãos.

 

 Wesley Safadão, R$ 1,1 milhão. Simone Mendes, R$ 800 mil. Bell Marques, R$ 700 mil.

Enquanto isso, faltam medicamentos nos postos, crianças com deficiência desistem da escola por falta de transporte, e bairros vivem no escuro, cercados pelo lixo e pela ausência do poder público.

 

O show não pode parar. Mas a vida do povo?

No município de Cruz das Almas, foram investidos R$ 9,3 milhões apenas com artistas para o São João 2025 — valor superior ao que foi gasto no mesmo mês com saúde e educação somados. Em Catu, mesmo com denúncias graves envolvendo o abandono de crianças com deficiência, foram R$ 2,18 milhões para festas, contra apenas R$ 1,64 milhão com transporte e R$ 1,94 milhão em infraestrutura.

 

Já em Conceição do Jacuípe, onde um hospital sofre com a falta de equipamentos, medicamentos e controle de ponto dos médicos, os festejos vão custar mais de R$ 5 milhões. Em Pojuca, enquanto obras milionárias atrasam e os gastos com infraestrutura não alcançam R$ 5 milhões, os contratos com artistas ultrapassam R$ 2,3 milhões — com alguns valores sequer divulgados.

 

Não se trata de demonizar o São João. Essa festa é alma, identidade e economia do povo nordestino. Mas que festa é essa que se faz com o prato vazio, com a fila no hospital, com crianças fora da escola e bairros no escuro?

 

Os números expostos no Painel de Transparência dos Festejos Juninos, do Ministério Público da Bahia, mostram uma verdade inconveniente: a música alta serve muitas vezes para abafar o som da dor e da indignação de quem mais precisa do Estado.

 

É hora de acender a fogueira da consciência: O povo não precisa só de palco — precisa de dignidade.

 

Foto: Internet

Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos

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