O Custo da Alegria: Quando a Festa Esconde a Dívida
- Dimas Carvalho

- 18 de jun
- 2 min de leitura

Análise por Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.
No coração do Nordeste baiano, a cidade de Santanópolis vive uma contradição dolorosa e, infelizmente, comum em muitos municípios brasileiros: enquanto acumula dívidas que ultrapassam R$ 25 milhões, promove um São João de luxo, gastando R$ 1,3 milhão em contratações artísticas. A pergunta inevitável é: de quem é essa festa? E a que custo?
A cultura nordestina, viva e potente, deve sim ser celebrada — mas não às custas da dignidade da população. Santanópolis aparece entre os maiores devedores do país. É um município pequeno, com menos de 9 mil habitantes, e que, ironicamente, agora divide listas de inadimplência com metrópoles como Natal, São Bernardo do Campo e Chapecó. O que justifica tamanha festa num cenário de caos fiscal?
As cifras são estarrecedoras: R$ 450 mil para um único artista, em uma cidade que depende da União para quitar dívidas. A Lei de Responsabilidade Fiscal, criada para proteger os cofres públicos e garantir uma gestão transparente, está sendo ignorada? Ou pior: usada como papel de parede em gabinetes onde o som da sanfona fala mais alto que o choro da saúde pública e da educação precarizada?
É urgente questionar as prioridades. Um município tão endividado tem estrutura suficiente para justificar esse investimento em festa? Quantos postos de saúde, bolsas de estudo, cestas básicas ou programas de inclusão poderiam ser financiados com esse dinheiro?
Festejar é parte da alma do povo, mas administrar é cuidar da realidade. E a realidade de Santanópolis é de alerta vermelho.
"Quando a música é mais alta que o grito do povo por dignidade, a festa se torna silêncio cúmplice da omissão. Leia, compartilhe e reflita."
Foto: Internet







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