“O ANÃO DO TERROR: A SOMBRA QUE ASSOMBROU A BAHIA — O CHUCKY DA VIDA REAL QUE ESCREVEU SUA HISTÓRIA COM SANGUE E MEDO”
- Nilson Carvalho
- há 3 dias
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Por: Jornalista Nilson Carvalho. Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura | Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
Em um estado conhecido pela alegria, música e resistência, um nome pequeno em estatura, mas gigantesco em crueldade, marcou a história do crime baiano: Marcelo de Jesus Silva, o temido “Chucky”. Com apenas 1,28 metro de altura, ele usou sua aparência incomum como uma espécie de “disfarce natural”, confundindo policiais e desafiando a lógica do medo. Mas sua trajetória foi tudo, menos ficção — foi uma sequência brutal de mortes, tráfico e violência que deixou cicatrizes profundas em Salvador.
O apelido veio do personagem do cinema, o Brinquedo Assassino, e coincidência ou não, a Bahia viu nascer o seu próprio “Chucky humano”. Segundo investigações, Marcelo era o braço direito do traficante João Teixeira Leal, o Jão, um dos nomes mais temidos de Pirajá. Juntos, comandavam um grupo de extermínio responsável por mais de 20 assassinatos, sem contar os crimes de tráfico e roubo que alimentavam o terror nas periferias.
Entre os casos mais chocantes, está o triplo homicídio de 2006, em Alto do Cabrito, quando três homens ligados ao tráfico foram executados. Foi o início do fim. Pouco tempo depois, denúncias e relatos de familiares das vítimas levaram a prisão de toda a quadrilha em 2007. Mas, como em todo roteiro de violência, Chucky ainda escaparia da lei por um tempo — e de formas inacreditáveis.
Certa vez, escondeu-se dentro da carcaça de um telefone público para fugir de uma operação. Em outra, foi carregado nos ombros por um comparsa enquanto disparava uma metralhadora contra rivais. E a ironia do destino veio à tona numa frase que entrou para o folclore policial:
“Só um anão passou”, disse um PM.
“O anão era o cara!”, respondeu outro.
O preconceito com sua baixa estatura foi, por vezes, seu maior escudo. Mas o crime tem um preço — e o dele foi cobrado com crueldade.
Em 3 de dezembro de 2010, o “Chucky da Bahia” foi encontrado brutalmente assassinado, pendurado de cabeça para baixo em um contêiner de lixo, com braços decepados e o rosto desfigurado. A execução foi atribuída a traficantes rivais, após ele ter cometido roubos fora do “território permitido”.
O caso ultrapassou fronteiras. No ano passado, o podcast americano “Morning Cup of Murder” contou sua história como um exemplo macabro do que acontece quando a maldade humana encontra oportunidade e poder.
Mas além da violência e da manchete, há uma reflexão que precisa ecoar:
Como um jovem baiano se transforma de vítima do abandono social em símbolo do terror?
Enquanto muitos julgam, poucos olham para a raiz: a falta de oportunidades, o descaso com as periferias e a ausência do Estado, que abrem brechas para que o crime substitua o sonho, e o medo vire rotina.
A morte de Chucky encerra um ciclo — mas quantos “Chuckys” ainda estão sendo criados nas esquinas, nas vielas e nas escolas esquecidas da Bahia?
“Antes de condenar o monstro, olhe para a sociedade que o criou.”
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Foto: Internet
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