“Metrô para Quem? A Espera que Já Dura Gerações em Lauro de Freitas”
- Dimas Carvalho
- 9 de jun.
- 2 min de leitura

A promessa de uma estação de metrô em Lauro de Freitas está no papel, no contrato, e nos discursos. Mas, enquanto o poder espera o “gatilho” de passageiros, o povo segue preso no engarrafamento da invisibilidade.
Lauro de Freitas, cidade vibrante, de gente trabalhadora e esperança resistente. É aqui que vive um povo que acorda antes do sol, enfrenta horas de ônibus apertado e se desloca entre dois mundos – o centro de Salvador, onde está o trabalho, e a periferia, onde foi empurrado a viver.
E é também aqui que uma promessa sobre trilhos segue parada no tempo: a construção da estação de metrô que ligaria o município ao restante da malha metroviária da capital baiana. A tão esperada Estação Lauro de Freitas, prometida, planejada, contratada — mas ainda não realizada.
Quando o contrato não acompanha o relógio da vida
Durante coletiva nesta segunda-feira (9), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou que a expansão até o Parque Shopping Bahia está prevista no contrato com a CCR Metrô Bahia. Mas a realização da obra está amarrada a uma condição: a estação Aeroporto precisa atingir, por seis meses consecutivos, um fluxo médio de 6 mil passageiros por hora no horário de pico (17h às 19h).
Ou seja, o direito à mobilidade segue dependendo de uma estatística — e não da urgência de quem precisa.
Metrô: promessa que não chega às quebradas
Para quem depende do transporte público, o metrô não é luxo: é alívio. É menos tempo de espera no ponto, é a mãe que consegue chegar em casa antes do filho dormir, é o trabalhador que finalmente tem tempo para sonhar — e não apenas sobreviver.
Mas o que se vê é o progresso seletivo, onde a infraestrutura só avança até onde a lógica do lucro permite. Bairros como Itinga, Areia Branca, Capelão e Caji seguem desconectados, mesmo sendo territórios de quem movimenta a economia todos os dias.
Uma condição que fere a dignidade
Como pode a dignidade de um povo ser condicionada a um número? Enquanto a estação não vem, o tempo escorre. A cada ônibus lotado, a cada manhã perdida no engarrafamento, a ausência do metrô se torna mais que uma lacuna urbana — ela se torna uma violência diária.
A fala do ministro, repleta de metáforas, revela o distanciamento entre o discurso institucional e a realidade de quem pega três conduções por dia para chegar ao emprego. Para quem espera há décadas, não é mais hora de comer “mingau pelas beiradas”. É hora de entregar o prato cheio.
A quem interessa a espera?
Mais que obras, precisamos de vontade política. O contrato existe. O projeto existe. O povo existe — e resiste. O que falta é romper com o velho ciclo em que o interesse público é refém da matemática privada. O que falta é priorizar vidas, não estatísticas.
“Enquanto o metrô não chega, o tempo do povo continua sendo roubado. Compartilhe essa verdade, porque esperar por direitos não pode ser a única estação do nosso caminho.”
Foto: Arquivo/Ilustração
Por: Dimas Carvalho – Colunista
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