Mestre Damasceno se vai, mas deixa legado que pulsa no coração do povo do Marajó
- Nilson Carvalho

- 26 de ago.
- 2 min de leitura

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
Belém perdeu nesta terça-feira (26) um verdadeiro guardião da cultura popular. Damasceno Gregório dos Santos, o Mestre Damasceno, faleceu aos 71 anos, deixando uma lacuna enorme na memória do Pará e de todo o Brasil. A despedida ganhou ainda mais simbolismo por acontecer justamente no Dia Municipal do Carimbó, manifestação que ele ajudou a manter viva e que traduz a alma do Marajó.
Internado desde 22 de junho, Mestre Damasceno lutava contra um câncer que se espalhou pelo pulmão, fígado e rins. Mesmo enfrentando a doença, continuou inspirando gerações, mostrando que a arte e a cultura podem ser forças que transformam vidas.
Uma vida dedicada à cultura e ao povo
Nascido na comunidade quilombola Salvá, na Ilha de Marajó, Mestre Damasceno se tornou referência no que diz respeito à preservação das tradições afro-marajoaras. Fundador do grupo Nativos do Marajó e do Cortejo Cultural Carimbúfalo, ele dedicou sua vida a manter viva a história do seu povo, com mais de 400 composições, quatro álbuns e dois documentários que registram seu talento e sua memória.
Recentemente, sua obra foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Pará e celebrada no templo do samba, a Marquês de Sapucaí, com homenagens pelas escolas Paraíso do Tuiutí e Grande Rio.
Legado que transcende a morte
Há apenas dez dias, Mestre Damasceno foi homenageado na Feira Pan-Amazônica do Livro, em Belém, com a exibição do documentário “Mestre Damasceno: a trajetória de um afromarajoara” e o lançamento do livro “Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó”, que registra sua vida e obra. Esses atos mostram que sua cultura não morre com ele; pelo contrário, ganha força e se espalha para tocar corações e mentes.
O impacto do trabalho de Mestre Damasceno vai muito além da arte: ele ensina o valor da identidade, da história e da união do povo, especialmente das comunidades quilombolas, mostrando que preservar a cultura é também lutar por direitos e inclusão.
O Ministério da Cultura lamentou sua morte, lembrando que ele recebeu a Ordem do Mérito Cultural, a mais alta honraria do país para quem dedica a vida à cultura brasileira. O Governo do Pará decretou luto oficial de três dias, e a despedida será marcada por homenagens que perpetuam sua memória.
Mestre Damasceno nos deixa um ensinamento poderoso: valorizar nossa cultura é cuidar da alma do nosso povo. Cada dança, cada canto, cada história contada por ele é um lembrete de que a cultura popular é patrimônio de todos nós — e que sem ela, o futuro do nosso povo perde cor e ritmo.
“Quem planta cultura, colhe liberdade e identidade. Que o legado do Mestre Damasceno inspire cada um de nós a cuidar daquilo que nos faz verdadeiramente humanos.”
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Foto: Internet







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