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MC Poze do Rodo é solto sob forte comoção popular: o grito de uma juventude invisibilizada



A tarde de terça-feira (3) foi marcada por gritos, lágrimas e tumulto na porta do Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro. Mas, mais do que o alvoroço gerado pela soltura de MC Poze do Rodo, o que se viu foi o retrato nu e cru de um Brasil dividido: de um lado, a Justiça determinando a liberdade do funkeiro Marlon Brendon; do outro, uma multidão que não pedia apenas a saída de um ídolo — mas clamava por reconhecimento, respeito e visibilidade.

 

MC Poze, amado por milhões, foi libertado após decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que reconheceu falhas no processo de sua prisão, entre elas o uso excessivo da força, algemas desnecessárias e uma exposição midiática questionável. O desembargador Peterson Barroso destacou que a prisão preventiva era "desproporcional" e havia "indícios que comprometem o procedimento regular da polícia".

 

Ainda assim, as acusações são graves: Poze é investigado por suposta apologia ao crime e associação ao tráfico de drogas. A promotoria sustenta que ele se apresentava em áreas dominadas pelo Comando Vermelho, e vídeos polêmicos — com homens armados em seus shows — circularam nas redes, intensificando a pressão sobre o artista.

 

Mas talvez o ponto mais sensível dessa história não esteja apenas no processo judicial — e sim no que aconteceu do lado de fora do presídio.

 

O povo não gritou só por Poze. Gritou por si.


A multidão que o esperava, em prantos, empurrões e tumultos, reflete um fenômeno social que vai além da figura do artista. São jovens periféricos que se identificam com a ascensão de Poze, que enxergam nele a possibilidade de sonhar, de vencer o sistema que os marginaliza diariamente. Para muitos, o funkeiro é símbolo de resistência em uma realidade onde poucas vozes se fazem ouvir.

 

Vivemos um país onde a cultura da periferia é constantemente criminalizada, enquanto suas dores continuam ignoradas. O funk, nesse cenário, vira alvo. E seus representantes, muitas vezes, são julgados primeiro pela origem, depois pela prova.

 

MC Poze não é um santo. Tampouco o monstro que pintaram. Ele é um reflexo. Um espelho da juventude preta, pobre e favelada que insiste em viver e fazer barulho, mesmo que isso incomode os salões silenciosos do poder.

 

Mais do que justiça, o povo quer ser ouvido.


A soltura de MC Poze do Rodo é mais um capítulo em um país onde o abismo social é latente. A polarização entre quem o vê como criminoso e quem o enxerga como herói revela uma ferida aberta: de que lado da história estamos dispostos a ouvir?

 

"Enquanto houver silêncio sobre a dor das favelas, o grito da periferia continuará ecoando nas ruas — seja em verso, seja em protesto."

Compartilhe. Reflita. Escute.

 

Foto: Internet

Jornalista Nilson Carvalho, Embaixador dos Direitos humanos

 
 
 

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