Luxo que Fere: Quando um Hotel Fechado Escancara a Desigualdade no Brasil Real
- Nilson Carvalho

- há 2 dias
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Por: Nilson Carvalho
Enquanto poucos brindam o fim de ano em bangalôs de R$ 15 mil a diária, milhões de brasileiros lutam por um prato de comida. Até quando o brilho do luxo vai ofuscar a dor de quem tem fome?
O Brasil que aparece nas redes sociais nem sempre é o mesmo Brasil que acorda cedo para enfrentar a fila do osso, o posto de saúde lotado e a escola sem estrutura. A notícia de que Virginia e Vini Jr. fecharam um hotel de luxo em Trancoso para celebrar o fim de ano reacendeu uma indignação que ecoa nas ruas, nas periferias e nos lares esquecidos pelo poder público.
A Reserva Jacumã, na Praia de Jacumã, é sinônimo de exclusividade: praia praticamente privada, heliponto, piscinas individuais, sauna, academia completa e diárias que ultrapassam R$ 15 mil na alta temporada. Um cenário de sonho para poucos — e de revolta para muitos. Não se trata de inveja, mas de consciência social.
Em um país onde médicos e professores recebem salários que mal sustentam uma família, onde mães imploram por cesta básica e crianças dormem com fome, o esbanjamento deixa de ser luxo e passa a soar como falta de respeito com os menos favorecidos. A ostentação, quando exibida sem sensibilidade, vira um tapa na cara de quem não tem o básico.
É verdade: o dinheiro é privado, o direito de gastar existe. Mas também é verdade que figuras públicas influenciam comportamentos. Quando o luxo é celebrado sem reflexão, naturaliza-se a desigualdade, anestesia-se a empatia e amplia-se o abismo entre quem tem demais e quem não tem nada. O impacto social desse tipo de exposição não gera benefício coletivo — ao contrário, aprofundam-se feridas históricas de um país que ainda não aprendeu a repartir oportunidades.
Na mesma noite em que o casal recebia amigos famosos como Luciano Huck e Angélica, com música de Nattan animando a festa, milhares de famílias baianas enfrentavam a insegurança alimentar. Dois Brasis dividindo o mesmo calendário, mas vivendo realidades opostas.
Não se pede que ninguém deixe de viver, amar ou comemorar. Pede-se responsabilidade social, sensibilidade e compromisso com o tempo em que vivemos. Celebrar é humano; ignorar a dor coletiva é desumano.
E você, o que pensa sobre ostentação em um país marcado pela fome e pela desigualdade? Comente, compartilhe e ajude esse debate a chegar mais longe.
Foto: Internet







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