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Juliana Marins: Quando a Esperança Escorrega e a Negligência Vira Eco de Dor

Atualizado: 5 de jul.

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Por Nilson Carvalho – Jornalista, Embaixador da Paz e dos Direitos Humanos

 

O mundo não parou no último dia 21, mas uma vida escorregou por entre pedras e descasos no coração de um vulcão na Indonésia. Juliana Marins, brasileira do Rio de Janeiro, sonhava com paisagens exóticas e experiências profundas. Em vez disso, encontrou o fim de sua jornada solitária, invisibilizada e marcada por uma agonia evitável. A confirmação de sua morte nesta terça-feira (24) foi recebida não apenas com dor, mas com um grito por justiça — abafado pelas montanhas, mas amplificado pelas redes sociais e pelo coração de um país inteiro.

 

Juliana caiu numa trilha do vulcão Rinjani, em Lombok, e ficou presa a centenas de metros abaixo de seu grupo. Um drone com sensor térmico a localizou — viva, inicialmente, deslizando no declive. Havia tempo. Havia chance. Faltavam estrutura, agilidade e vontade governamental.

 

Quatro dias de tentativas frustradas. Quatro dias de espera. Quatro dias em que a esperança foi sendo substituída por revolta. O corpo de Juliana só foi alcançado após dias de clima severo, falta de recursos e decisões lentas. Sua família denunciou o que não pode ser mais silenciado: negligência.

 

Faltaram água, comida, agasalhos e humanidade. Faltou o compromisso das autoridades indonésias em montar uma operação de salvamento que honrasse a vida, ainda que estrangeira. Faltou o que não deveria faltar quando a vida humana está em risco: prioridade.

 

O silêncio das autoridades diante da dor dos familiares transforma esse caso em símbolo — símbolo da indiferença que ainda separa turistas e cidadãos, da desigualdade que mede esforços pela origem do passaporte, da burocracia que mata lentamente enquanto o tempo, esse juiz implacável, faz sua contagem regressiva.

 

Juliana Marins não deveria ter morrido ali. Ela não foi vencida pela natureza. Foi abandonada pela lentidão das decisões.

 

Essa tragédia precisa ecoar além das redes sociais. Precisa virar cobrança diplomática, mudança em protocolos, solidariedade internacional verdadeira. O que começou como uma viagem de descoberta, terminou como um alerta: vidas não podem ser descartáveis fora do seu país de origem.

 

"Quando a resposta demora mais que a dor, a morte se torna cúmplice da negligência. Que a história de Juliana desperte o mundo para o valor da vida — em qualquer latitude, em qualquer cor, em qualquer bandeira."

Foto: Internet


1 comentário


Mestre Alemão Senzala Brasil
24 de jun.

Histórias de fatalidades, nem sempre bonitas, apesar do enaltecimento da figura de seus personagens.

Vamos buscar cuidar mais de nosso bem maior, a natureza. Muitos desastres naturais tem ocorrido nos últimos tempos. Infelizmente o ser humano é o grande causador, mesmo quando indireto, de grandes aberrações naturais, essa é apenas mais uma delas. Lamentável. Que a história da Juliana nos faça refletir mais e buscarmos cada vez mais também agirmos de forma consciente para a preservação do meio ambiente e das vidas dos próprios seres humanos, dádiva de Deus.

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