Grilagem na Bahia: quando até quem deveria proteger o povo se junta ao crime
- Nilson Carvalho

- 4 de set.
- 2 min de leitura

Por: Jornalista Nilson Carvalho – Embaixador dos Direitos Humanos e da Cultura, Defensor do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro
A pergunta que ecoa é direta e dolorosa: aonde iremos parar, se até quem deveria proteger o povo se mistura com criminosos?
Na manhã desta quinta-feira (4), o Ministério Público da Bahia e a Secretaria de Segurança Pública deflagraram a Operação Grilagem S.A, que escancarou um esquema vergonhoso de apropriação de terras urbanas e rurais em Salvador, Candeias e Camaçari. Oito pessoas foram presas, entre elas quatro policiais que, ao invés de garantir a lei, se tornaram parte da engrenagem do crime.
A investigação revela um grupo estruturado como empresa:
Identificavam e invadiam terrenos;
Usavam violência e ameaças para expulsar opositores;
Levantavam construções irregulares;
Forjavam documentos e manipulavam processos;
E por fim, vendiam os imóveis a terceiros de boa-fé.
Ou seja, quem comprava muitas vezes não sabia que estava alimentando um esquema criminoso. E o detalhe mais grave: policiais estavam envolvidos, usando o poder da farda para proteger o crime e não o cidadão.
O impacto no povo
Esse tipo de crime não é só sobre terra. É sobre famílias inteiras que sonham com um pedaço de chão para viver com dignidade e acabam sendo vítimas de violência, ameaças e golpes. É sobre a insegurança de quem compra um imóvel achando que conquistou a casa própria e, depois, descobre que está em cima de uma fraude. É sobre a corrupção que corrói a confiança da sociedade na própria polícia e nas instituições.
Quantas comunidades já foram expulsas com medo? Quantos pequenos trabalhadores perderam suas casas para máfias que agem como donos de tudo? Esse é o retrato de um Brasil onde o poder, muitas vezes, parece servir a quem tem influência, e não ao povo que mais precisa.
O olhar do ativista social
Não podemos tratar essa notícia como se fosse apenas mais uma operação policial. O que está em jogo é o futuro de centenas de famílias e a própria confiança do cidadão no Estado. Quando policiais trocam a farda pelo dinheiro sujo do crime, o povo perde a referência de proteção. E quando empresários usam poder para enriquecer com base no sofrimento alheio, é a dignidade do trabalhador que vai pelo ralo.
O recado precisa ser claro: sem combate firme à grilagem, sem punição exemplar e sem proteção efetiva ao povo, o ciclo vai se repetir. E, no final, quem paga a conta é sempre o mais pobre, o mais frágil, o que sonha com o direito básico de morar em paz.
Se a terra é vida, roubar terra é roubar futuro. Até quando vamos permitir que o povo seja despejado dos seus sonhos?
Foto: Internet







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