Feira preserva modos indígena e africano de moldar argila no recôncavo
- Nilson Carvalho
- há 6 dias
- 2 min de leitura

Evento, que acontece em Nazaré desde o século XIX, sempre na Semana Santa, exibe a arte criada nas olarias de Maragogipinho e região
Patrício, oleiro em Maragogipinho, encheu uma canoa com miniaturas em cerâmica, remou pelo rio Jaguaripe até Nazaré e, na antiga praça central da cidade (hoje, Praça Dr. Alexandre Bittencourt), expôs suas peças, chamando a atenção dos passantes, que compraram todo o estoque. Incentivado pela recém conquistada clientela, que pediu mais miniaturas, ele retornou no ano seguinte trazendo outros oleiros e suas cerâmicas. Estava iniciada a tradição.
A história popular em Nazaré explica a existência da Feira de Caxixis como obra do engenho desse escultor de prenome Patrício e cujo sobrenome é desconhecido. Embora não exista uma data exata da realização da primeira feira, o que se sabe é que começou no século XIX, durante a vigência do regime escravista, ou seja, antes de 1888, e na Semana Santa, quando não havia trabalho em respeito ao feriado religioso.
Com mais de 200 anos de existência e considerada uma das feiras de arte em cerâmica mais antigas da América Latina, a Feira de Caxixis deste ano começará na Quinta-feira Santa, dia 17, e vai até o Domingo de Páscoa (20). Mas, a tradição de moldar a argila, seja em imagens sacras, utensílios domésticos, peças de decoração ou nas famosas miniaturas chamadas de caxixis, é bem mais antiga.
Feira dos Caxixis movimenta Nazaré da Quinta Santa ao Domingo de Páscoa
Feira dos Caxixis movimenta Nazaré da Quinta Santa ao Domingo de Páscoa | Foto: Cedoc A TARDE / 27-03-1988
A feira funciona como o evento culminante de um legado ancestral. Esse conhecimento existe e é repassado de pai para filho desde os primeiros tempos da colonização e foi iniciada pelos povos indígenas tupinambás, como explica a pesquisadora Marluse Arapiraca dos Santos Cordeiro, professora do Departamento de Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Santo Antônio de Jesus.
A professora Marluse, que estuda a Feira de Caxixis, acrescenta que esse evento contempla diversos aspectos, desde as relações do coletivo de oleiros que atuam nas olarias e fornos de queima até o lado econômico, da subsistência dessa comunidade, da movimentação turística durante a Semana Santa e mesmo fora desse período, passando também pelas questões históricas, de memória cultural e ancestral.
Reportagem completa no link abaixo:
Por Andreia Santana*
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