Entre Multas e Silêncios: Quando o Povo Paga a Conta da Inércia
- Nilson Carvalho

- 31 de mai.
- 2 min de leitura

Enquanto o povo enfrenta longas filas, balsas superlotadas e travessias precárias entre Salvador e a Ilha de Itaparica, o que chega da cúpula do poder é, mais uma vez, a confirmação de algo que já se sente nas ruas: a ausência de responsabilidade, o peso da omissão e a conta que sempre sobra para o cidadão comum.
Na última quinta-feira (29), o Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA) multou o diretor-executivo da Agerba, Carlos Henrique de Azevedo Martins, em R$ 3 mil por irregularidades gritantes nas contas de 2023. O valor da multa é simbólico — quase irrisório — diante das consequências reais que a população tem enfrentado.
Entre as falhas, o TCE destacou o não cumprimento de sanções contra a concessionária Internacional Travessias Salvador, responsável pelo sistema Ferry Boat, e a falta de arrecadação das multas aplicadas à empresa, como se as penalidades existissem apenas no papel.
Mais grave ainda: a repetição das mesmas falhas, sem medidas eficazes para corrigi-las, mostra o que todos já sabem — a governança virou uma promessa sem ação, e o povo virou refém do descaso.
E como se não bastasse, no meio desse cenário, a Agerba ainda aplicou um reajuste de 4,5% nas tarifas, elevando o custo da travessia para todos: famílias, trabalhadores, estudantes e turistas. Paga-se mais... por menos. Por atrasos. Por desconforto. Por medo. Por indignação.
Nos discursos, fala-se em melhorias. Nos bastidores, a realidade é outra: autoridades que falham em punir, concessionárias que ignoram as normas, e um povo que sofre calado — até quando?
Não se trata apenas de transporte. Trata-se de dignidade, respeito e responsabilidade com vidas que dependem diariamente daquele trajeto. A travessia não deveria ser um martírio. Mas tem sido.
“Quando o poder se cala diante da ineficiência, a injustiça grita. Que a voz do povo ecoe mais alto que o silêncio das instituições. Compartilhe. Reflita. Desperte.”
Foto: Internet
Por Nilson Carvalho – Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos







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